Hacker detalha à PF como chegou a conversas de Moro com procuradores
Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, disse que entrou em contato com Glenn Greenwald por meio da ex-deputada Manuela D’Ávila
atualizado
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Suspeito de hackear autoridades brasileiras, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, detalhou, em depoimento à Polícia Federal, o caminho usado para chegar até as mensagens envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato. A íntegra do documento foi obtida pela TV Globo e divulgada na tarde desta sexta-feira (26/07/2019).
De acordo com o depoimento, Delgatti explicou que em março de 2019, fez uma ligação para seu próprio número de telefone e descobriu que teve acesso ao correio de voz.
O suspeito relatou que, na ocasião, ligou para seu médico por meio do serviço de ligação da empresa BRVoz. Depois, ele teria editado o número chamador, colocando seu próprio número de telefone.
Ao fazer uma ligação para si próprio, ele conseguiu acesso ao serviço de correio de voz. O suspeito relatou ter escutado todas as mensagens deixadas em sua caixa postal. Disse ainda que tinha o costume de validar o acesso ao aplicativo Telegram por meio do correio de voz e percebeu que poderia conseguir os códigos de outras pessoas dessa maneira.
Sequência de invasões
À Polícia Federal, ele afirmou que conseguiu contato com o jornalista Glenn Greenwald — responsável por vazar as mensagens — por meio da ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB). O telefone de Manuela, por sua vez, foi obtido por meio da agenda da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele conseguiu o contato de Dilma por meio do ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão, mas não soube dizer como obteve o contato de Pezão.
O hacker negou que tenha sido pago para fazer o serviço e alegou que procurou Glenn porque o jornalista norte-americano é conhecido pelo caso Snowden, nos Estados Unidos — a divulgação de centenas de milhares documentos secretos da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. O conteúdo foi compartilhado de forma anônima, por uma conta no Dropbox, conforme o depoimento.
Delgatti Neto negou que tenha invadido celulares de autoridades do atual governo, como o do ministro da Economia, Paulo Guedes — a invasão do aparelho de Moro teria ocorrido antes de ele virar ministro.