Guedes sobre plano de Braga Netto: “Quer acabar igual Dilma? É o caminho”
Ministro da Economia reclamou do plano apresentado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, para a retomada econômica no pós-pandemia
atualizado
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Durante a reunião ministerial em que o ex-ministro Sergio Moro apontou interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou do plano apresentado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, para a retomada econômica no pós-pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Braga Netto estruturou a retomada se baseando no aumento dos gastos em investimentos públicos para os próximos anos, sobretudo em obras. O plano foi apresentado em 23 de abril, um dia após a reunião.
Guedes não gostou. “Voltar uma agenda de trinta anos atrás, que é investimentos públicos financiados pelo governo, isso foi o que a Dilma (ex-presidente Dilma Rousseff) fez trinta anos. O governo quebrou! Em todos os níveis. Prefeitura, governador e governo federal”, criticou. E concluiu: “Se a gente quiser acabar igual a Dilma, a gente segue esse caminho”, afirmou.
O ministro defendeu que a retomada seja por desburocratização de bancos, redução de endividamento e redução de juros. “Todo mundo vem aqui: ‘vamos crescer, agora temos que crescer, tem que ter a resposta imediata, porque o governo vai gastar’. O governo quebrou”, destacou.
Entenda o caso
Moro deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo ele, Bolsonaro não só queria indicar alguém de “sua confiança” tanto para a diretoria-geral da PF quanto para superintendências estaduais, como também queria “relatórios de inteligência” da corporação.
Entre os elementos que, segundo o ex-juiz, provavam suas alegações, estava justamente o vídeo desta reunião presidencial. As imagens foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, no âmbito de um inquérito que apura as alegações de Moro, mas permaneciam, até então, em sigilo.
No último dia 12 de maio, o ex-ministro, seus advogados, representantes do governo federal, da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), assistiram ao vídeo juntos, em sessão reservada. Mello atendeu a pedido de Moro, que defendia o levantamento integral do sigilo — a AGU, por outro lado, que apenas as falas do presidente na reunião fossem tornadas públicas.
Veja os vídeos da reunião ministerial liberados pelo STF: