Guedes: “Se Marinho falou mal de mim, é despreparado, desleal e fura-teto”
Ministro da Economia reagiu à notícia que que Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, o teria criticado em reunião com investidores
atualizado
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O desencontro entre a equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes e a chamada ala desenvolvimentista do governo esquentou nesta sexta-feira (2/10) com comentários ácidos do titular da Economia.
Guedes reagiu a notícias de que Marinho teria dito a investidores que o programa Renda Cidadã seria criado “do melhor ou do pior jeito” e que o ministro da Economia seria “um grande vendedor, bom na macroeconomia, mas fraco em questões microeconômicas”.
Para quem ouviu, teria sido um aviso de que os gastos públicos podem subir mais do que o limite do teto de gastos, possibilitando ao governo tornar realidade um programa social mais abrangente que o Bolsa Família no ano que vem.
Eu realmente não acredito que ele tenha falado mal de mim”, disse Paulo Guedes a jornalistas na tarde desta sexta, sobre o colega Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. “Agora, se falou, falou que está querendo furar teto, falou negócio de precatório. Se falou, já pode saber três coisas: é despreparado, é desleal e confirmou que é um fura-teto”, atacou Guedes. “Mas eu não acredito que tenha falado”, tentou amenizar.
Guedes já havia criticado a ideia divulgada oficialmente pelo governo, de usar verbas previstas para o pagamento de precatório no financiamento do programa social. “Não pode ser financiado por um ‘puxadinho’, um ajuste. Não é assim que se financia o Renda Brasil [Renda Cidadã]”, disse ele nesta semana.
O encontro do ministro Rogério Marinho com os investidores também foi nesta sexta.
Em nota, Marinho disse que as informações foram distorcidas. Veja:
“O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, vem a público esclarecer as informações sobre a reunião realizada com pequeno grupo de economistas, na manhã desta sexta-feira, em São Paulo, e que chegaram a imprensa de maneira distorcida. A reunião teve o intuito de reforçar o compromisso do governo com a austeridade nos gastos e a política fiscal. Em sua fala, Rogério Marinho destacou que o governo reconhece a necessidade de construção de uma solução para as famílias que hoje dependem da auxílio emergencial e que essa solução será resultado de um amplo debate com o parlamento, em respeito à sociedade e às âncoras fiscais que regem a atuação do governo”.
Nos bastidores, porém, a leitura é de que o clima nunca esteve tão tenso entre os ministros que mexem com os cofres públicos. A situação vem escalando. Em agosto deste ano, Guedes fez um desabafo público para reagir às pressões internas que vinha sofrendo.
O ministro disse na época que, se o presidente Jair Bolsonaro ouvir “conselheiros” para furar o testo de gastos do governo, será um caminho em direção ao impeachment.
“Os conselheiros do presidente que estão sugerindo pular a cerca e furar o teto [de gastos] vão levar o presidente para uma zona de incerteza, uma zona sombria. Uma zona de impeachment de responsabilidade fiscal. E o presidente sabe disso e tem nos apoiado”, afirmou Guedes após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) no dia 11 de agosto.