Guedes diz trabalhar com “plano A” para bancar Auxílio Brasil
Declaração do ministro da Economia contraria o chefe do Executivo, que afirmou ter “paraquedas reserva” caso não saia a PEC dos Precatórios
atualizado
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Enviado especial a Roma — Em entrevista a jornalistas neste domingo (31/10), em Roma, na Itália, o ministro da Economia, Paulo Guedes, evitou falar sobre o plano B do governo para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 em 2022, caso a PEC dos Precatórios, ideia principal do Executivo, não seja aprovada pelo Congresso Nacional.
“Estamos trabalhando com o plano A: a aprovação da PEC dos Precatórios. Ela é importante porque abre espaço fiscal para o programa de assistência social”, disse Guedes, ao ser indagado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro de que tem um “paraquedas reserva”, caso a PEC não seja aprovada.
“Esse é o nosso plano, e nós acreditamos que o Congresso vai aprovar, exatamente porque permite o financiamento dos programas sociais do governo”, emendou o chefe da equipe econômica, que acompanha Bolsonaro na viagem à Itália para participar da cúpula de líderes do G20.
Sobre as críticas do presidente à reação negativa do mercado financeiro à dificuldade do governo em aprovar a PEC, Guedes afirmou imaginar que a preocupação do mercado seja com a “capacidade de coordenação política” do Executivo para fazer a proposta ser aprovada no Congresso.
Como o Metrópoles noticiou nesse sábado (30/10), embora o governo evite falar publicamente, ele já trabalha com um plano B. Uma das ideias em estudo seria novo decreto de calamidade pública, que permitisse ao Executivo lançar “orçamento de guerra” paralelo para bancar o Auxílio Brasil com recursos fora do teto de gastos.
Preocupação do mercado
“Imagino que há uma preocupação do mercado a respeito exatamente dessa capacidade de coordenação política para a PEC dos Precatórios. Porque é exatamente a PEC dos Precatórios que nós dá o espaço para as políticas sociais”, ressaltou o ministro da Economia, em entrevista na porta da embaixada do Brasil em Roma.
Guedes ainda saiu em defesa do teto de gastos, regra que impede as despesas da União de crescerem acima da inflação anterior e cujo cálculo está sendo alterado pela PEC. Segundo o ministro, o teto permitiu ao governo gastar para minimizar os efeitos da pandemia e, ao menos, não se endividar muito.
“O teto é um símbolo de um duplo compromisso. Por um lado, não faltou dinheiro para saúde. O Brasil gastou 10% a mais do que a média dos países avançados para combater a pandemia e o dobro do que os países emergentes. Não obstante isso, foi um dos países que menos se endividaram, exatamente porque nós, o tempo inteiro, tentamos, nas outras despesas, respeitar o teto e seguir com as nossas reformas estruturantes”, declarou.