Guajajara assume Ministério dos Povos Originários: “Não será fácil superar 522 anos em 4”
Em discurso de posse, Guajajara destacou a retomada da demarcação de terras indígenas e a proteção dos povos
atualizado
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A deputada federal Sonia Guajajara (PSol) assumiu, na tarde desta quarta-feira (11/1), o comando do Ministério dos Povos Originários. A cerimônia de posse acontece no Palácio do Planalto com a presença de aliados e representantes das comunidades originárias.
Ela reconheceu que tem um grande desafio à frente: “Não será fácil superar 522 anos em 4”.
No comando do ministério inédito, Guajajara declarou que pretende promover uma “cidadania indígena efetiva”.
“É urgente promovermos uma cidadania indígena efetiva. Isso não se faz sem demarcação de territórios, proteção e gestão ambiental e territorial, acesso à educação, acesso e permanência à universidade pública, gratuita e de qualidade, ampla cobertura e acesso à saúde integral”, declarou.
O recém-criado Ministério dos Povos Originários demonstra aos ambientalistas um compromisso entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as pautas ligadas à defesa das comunidades indígenas e os seus territórios.
Guajajara também anunciou a criação do criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, que garante a participação paritária entre representações indígenas de todos os estados brasileiros e órgãos do executivo federal.
A recém-empossada ministra também citou os atos de vandalismo cometidos por bolsonaristas nos Três Poderes no último domingo (8/1). “Destruir essas estruturas do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF, não vai destruir a nossa democracia”, disse. “Nunca mais vamos permitir golpe no nosso país. Sem anistia!”
Por fim, Guajajara apresentou a equipe da pasta. Eloy Terena será secretário executivo; Jozi Kaigang, Chefe de Gabinete; Eunice Kerexu, Secretária de Direitos Ambientais e Territoriais; Ceiça Pitaguary, Secretária de Gestão
Ambiental e Territorial Indígena; Juma Xipaia, Secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas; e Marcos Xucuru, Assessor Especial do MPI.
Desafios
Sonia Guajajara assume o Ministério dos Povos Indígenas em um cenário de desalento em relação à presença de políticas públicas voltadas para os mais de 300 povos originários, além da defesa dos seus territórios.
Com a promessa de criar um governo transversal, o novo ministério deverá articular suas pautas com as demais pastas da gestão Lula. Entre elas estão a demarcação de terras e a defesa da saúde indígena, colocada de lado ao longo da administração de Jair Bolsonaro (PL).
Perfil
Sonia Guajajara é reconhecida internacionalmente pela sua luta em defesa dos povos indígenas e seus territórios. Natural da terra Arariboia, no Maranhão, a ministra participou da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e trabalhou como coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Com dificuldades de acesso à educação em seu território, Sonia recebeu ajuda da Fundação Nacional do Índio (Funai) aos 15 anos para cursar o ensino médio em Minas Gerais. Logo após, a líder indígena se formou em Letras e Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e conquistou a pós-graduação em Educação Especial.
Sonia Guajajara é a primeira deputada federal indígena eleita por São Paulo, com 156.695 votos.
No cenário internacional, Sonia é conselheira da Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais – Conselho vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). No ano de 2022, a ministra foi escolhida pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, na categoria Pioneiros.