Grupos evangélicos criticam vídeo que Marçal se compara ao rei Salomão

O candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), se envolveu em mais uma polêmica, desta vez, com um vídeo de pelo menos sete meses atrás, que recomeçou a circular entre grupos evangélicos.

Diversas redes sociais trazem o discurso do ex-coach, em que ele se compara com a figura bíblica do rei Salomão. E conta vantagens em relação ao ícone religioso. À época em que rodou pelas redes, diversas pessoas criticaram as falas, o que se repetiu agora, com indignação de fiéis.

“Salomão escreveu três livros, eu escrevi 45. Salomão tinha mil mulheres, eu tenho só uma. Salomão nunca voou. Salomão nunca falou com o planeta terra inteiro ao mesmo tempo e eu estou falando. Salomão nunca teva a atenção de 50 milhões de pessoas, Salomão não tem 2,4 bilhões de marcação no TikTok”, enumera Marçal.

Veja o vídeo

Ele faz o desafio de os fiéis procurarem o nome de Salomão na internet. “Bate o nome dele lá, uai! Sabe por que eu estou te falando isso? Porque nós precisamos parar de verenar Salomão”, afirma.

A figura de Salomão é muito valorizada nas religiões cristã e na judaica, por ser considerado um representante de ensinamentos de sabedoria, justiça e devoção a Deus. Por outro lado, também passou por um período de fracasso e grande decadência no final do seu reinado.

Ele também se tornou responsável pela edificação do Templo de Jerusalém.

Ao longo do vídeo, Pablo Marçal também aponta o fato de a figura bíblica não andar de jatinho.

“‘Marçal, isso aí é pecado o que você está fazendo’. Moço, toda vez que eu decolo, mesmo que eu esteja com a pessoa mais importante da Terra, eu falo: ‘Faz silêncio agora, porque é minha declaração salomônica’. Na hora que o avião vai saindo do chão, eu falo assim: ‘Nem Salomão, em toda sua glória, voou em um jato'”.

Em seguida, ele se pergunta para responder: “‘Marçal, você está desvalorizando o Salomão? Salomão era um nenê”, define o candidato.

Críticas de perfis e fiéis

Influenciadores evangélicos e fiéis se mostram críticos às palavras do agora político. Will Teixeira, por exemplo, que tem quase 1 milhão de seguidores em seu perfil do TikTok, faz vários questionamentos.

“Como é que um camarada quer comparar? Ele não andou de jatinho. Isso não existia na época de Salomão. A riqueza de Salomão não está em finanças, em dinheiro, e sim na sabedoria de conduzir o povo dele”, argumenta Teixeira (veja aqui).

No perfil Stories do Reino, também no TikTok, o vídeo vem com a pergunta: “Vale tudo pra ter engajamento na internet?”.

E há comentários dos internautas. Um deles diz: “Detalhe: sem internet, Salomão fazia alianças com nações distantes”. Outro ainda da produção literária dos dois: “Os três livros de Salomão ainda valem mais que os seus 45. Não tenho dúvidas disso”.

Importante base evangélica para Pablo Marçal

Os eleitores evangélicos são uma base importante para Pablo Marçal. A última pesquisa divulgada pelo Datafolha mostra que Marçal cresceu de 18% para 30% nas intenções de voto entre os evangélicos, e passou a liderar no segmento.

O empresário, eleito deputado federal por São Paulo em 2022, e teve sua candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Agora, enfrenta diversas complicações para sustentar sua candidatura à Prefeitura da capital paulista por ter pela sua frente mais de 100 processos e ser alvo de uma investigação da PF por suspeitas envolvendo doações para suas candidaturas em 2022.

Em 2005, Marçal virou réu, em Goiânia, por formação de quadrilha e furto qualificado.

O empresário, que constantemente valoriza suas conquistas financeiras, continua o vídeo afirmando que o rei Salomão não está “na lista da Forbes”.

“Sabe por que eu estou te falando isso? Porque nós precisamos parar de verenar Salomão. Salomão passou na Terra tem 3 mil anos e você até hoje está pagando pau […]. Ele não está na lista da Forbes não, apesar de ter sido o cara mais rico”, aponta.

Então, chega à conclusão que Salomão foi mais rico que ele. “Esta aí, achou o negócio: esse cara era mais rico que você. Mas rico de que jeito, se terminou mal. Rico de quê?”, pergunta o candidato.

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