Grupo Schahin manobrou fortuna com offshores e empresas de fachada
A investigação feita pelo consórcio de imprensa teve início a partir do vazamento de documentos ultrassecretos da FinCen, o Coaf americano
atualizado
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O grupo Schahin, atuante em diversos ramos da economia, como da construção civil, petrolífero e bancário, teve transações financeiras consideradas suspeitas pela FinCEN, rede de combate a crimes financeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
O documento que revela as operações está inserido em um conjunto de relatórios obtido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), no projeto FinCEN Files. A colaboração envolve 88 países e contou com 400 jornalistas de 110 veículos de comunicação.
Segundo reportagem da revista Época, o órgão de monitoramento americano considerou as três primeiras transações bancárias do grupo como suspeitas no sistema bancário americano.
A primeira delas foi uma transferência na conta do Deustche Bank, em 13 de novembro de 2014, da South Empire International, uma subsidiária do grupo Schahin no estado americano de Delaware, para uma conta no JPMorgan Chase & Co., em Nova York, controlada pela empresa canadense Ribas do Rio Pardo S.A.
Outros três depósitos presentes no relatório seriam feitos entre essas mesmas contas nas semanas seguintes: R$ 12,5 milhões (US$ 2,5 milhões) em 2 de dezembro, R$ 50 milhões (US$ 10 milhões) no dia 17 daquele mês e R$ 55,7 milhões (US$ 11,15 milhões) em 20 de janeiro de 2015, operação esta que não consta no relatório. A movimentação equivale a um total de aproximadamente R$ 158 milhões (US$ 29,9 milhões).
Para o governo americano, as transações bancárias entre a South Empire e a Ribas do Rio Pardo geram suspeitas porque “não possuem um propósito comercial” e apontam que a conta da South Empire International foi utilizada apenas como passagem para o dinheiro vindo de outras empresas.
O grupo Schahin entrou com um pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de Falências de São Paulo em abril de 2015, três meses após a última transação suspeita. Mas, em 2018, foi declarada a falência do grupo.
Segundo a administradora da massa falida, a KPMG, a dívida atual do grupo é de R$ 10 bilhões.
Uma investigação feita pela administradora constatou desvios milionários de patrimônio do grupo Schahin por meio de offshores e de empresas de fachada
Segundo a advogada da KPMG, Osana Maria da Rocha Mendonça, o dinheiro”saiu dos Schahin no exterior para voltar aos Schahin no Brasil”.