Grupo fazia tráfico de diamantes extraídos de terra indígena e área ambiental
De acordo com a Polícia Federal, grupo vendia diamantes para países de diversos continentes, movimentando quantia superior a R$ 30 milhões
atualizado
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Uma quadrilha responsável pela extração ilegal de diamantes em terras indígenas e áreas de proteção ambiental foi desarticulada pela Polícia Federal (PF) em São Paulo (SP). O grupo, cujos integrantes foram presos na última semana no âmbito da Operação Itamarã, movimentou cerca de R$ 30 milhões em vendas para países da Europa, América do Norte, Ásia e África.
Ao todo, como publicou a coluna Grande Angular, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão preventiva nos estados do Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Também foram cumpridas medidas cautelares com Estados Unidos, Bélgica, Inglaterra e Emirados Árabes Unidos, com cooperação policial e jurídica internacionais.
De acordo com a PF, a organização criminosa internacional era especializada na exploração, intermediação, comércio e exportação ilegal de pedras preciosas. “As investigações se iniciaram no segundo semestre de 2020, quando informações recebidas pela Unidade de Inteligência da Polícia Federal, em Piracicaba, apontaram para a existência de uma organização criminosa que atuaria na extração mineral irregular, receptação qualificada e contrabando de pedras preciosas”, informou o órgão.
Terras indígenas e áreas ambientais
Ao Fantástico deste domingo (30/4), agentes da PF informaram que os diamantes eram extraídos de áreas de proteção ambiental e de terras indígenas, sem a autorização de lavra do material. A investigação começou em 2015, quando um dos membros da organização criminosa foi detido com diamantes ao embarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU) com destino a Dubai, nos Emirados Árabes.
Os diamantes transportados pelo homem foram avaliados em R$ 350 mil, mas sem a devida documentação fiscal. Cinco anos depois, a Receita Federal apreendeu barras de ouro enviadas pela mesma organização, com destino aos Estados Unidos. O caso aconteceu em Minas Gerais. No país norte-americano, outros membros foram presos com 40 diamantes brutos.
Exterior
Além dos EUA, foram identificadas negociações envolvendo fornecedores, clientes e instituições bancárias da África do Sul, Bélgica, Canadá, China, Cingapura, Emirados Árabes, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Inglaterra, Namíbia, Serra Leoa e Suíça.
De acordo com a investigação da PF, o método utilizado pelos criminosos envolvia a abertura de empresas para enganar os órgãos de fiscalização com notas fiscais falsas e a cooptação de negócios legítimos do Cadastro Nacional de Comércio de Diamantes Brutos (CNCD), como forma de emitir documentos falsos e enviar as joias para fora do Brasil.