Gripe: 1ª etapa da vacinação atinge menos de 30% do público-alvo
Primeira fase da campanha contempla idosos e trabalhadores da saúde e termina neste sábado (30/4). Grupos ainda podem procurar os postos
atualizado
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A primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza chega ao fim neste sábado (30/4), data em que o governo federal promove o “Dia D” de imunização contra a doença. Apesar de ter começado em 4 de abril, a primeira fase da campanha atingiu menos de 30% do público-alvo.
Segundo o Ministério da Saúde, em dados publicados no 24º Informe da Campanha Nacional de Imunização contra a Influenza, a prioridade era vacinar 36.092.903 pessoas entre os dias 4/4 e 30/4.
O público é formado por pessoas com 60 anos ou mais (30,1 milhões de pessoas) e trabalhadores da saúde (5,8 milhões de pessoas).
De acordo com o LocalizaSUS, página do Ministério da Saúde que reúne dados sobre vacinação, apenas 27,1% dos idosos haviam sido imunizados até a sexta-feira (29/4). A porcentagem de trabalhadores da saúde atingidos pela campanha também é baixa: apenas 26,5%.
Quando observados os dados por unidade da Federação, o Acre e o Pará são os estados com menor cobertura vacinal de idosos, ambos com apenas 7,2%. Outros estados da região Norte também ocupam as primeiras posições no ranking de menor cobertura: Amapá (11%), Roraima (11,1%) e Rondônia (12,6%).
As porcentagens de vacinação para trabalhadores da saúde também são baixas no Norte: 8,8% no Acre; 11,6% no Amapá; 12,9% no Pará; e 19% no Tocantins. Da região Sudeste, é o Rio de Janeiro que se destaca pela baixa cobertura, com apenas 12,2%.
A maior cobertura vacinal do país para pessoas de 60 anos ou mais é a de São Paulo, com 37,7% Em seguida, aparecem os estados de Sergipe (36,8%), Rio Grande do Sul (35,7%), Espírito Santo (34,8%) e Paraná (30,8%).
Assim como na cobertura dos mais velhos, os estados do Sul e do Sudeste se destacam na porcentagem de vacinação de trabalhadores da saúde. Os maiores índices são em Santa Catarina (40,4%), Rio Grande do Sul (37,1%), Amazonas (36,2%), Espirito Santo (32%) e Minas Gerais (31,7%).
Comunicação
Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai, as baixas coberturas de vacinação podem ser explicadas pela falta de percepção da sociedade sobre os riscos da gripe.
“Em 2016, ano que tivemos muitos casos, chegamos a ter filas de 5 horas nas portas de clínicas privadas. Nesse momento de flexibilização em relação à Covid, a percepção das pessoas é de que não tem risco”, afirma.
Para a especialista, o maior desafio das autoridades é realizar campanhas de comunicação para mostrar que a vacina deve ser aplicada antes da circulação da doença ter início.
“Nos estados do Norte, com o calor, ninguém teme a gripe. Não é uma doença temida. Até mesmo no Rio de Janeiro ninguém está preocupado. Essa é a dificuldade: fazer as pessoas se prevenirem. A vacinação acontece antes do pico da doença, e o objetivo é fazer antes que o pico aconteça”, explica.
Isabela avalia que o Ministério da Saúde acertou em fazer a campanha do Dia D de Vacinação contra a Gripe. Neste ano, a ação ocorrerá simultaneamente à imunização de seguimento contra o sarampo, que também tem coberturas baixas. No entanto, é necessário ampliar as ações de incentivo par que as metas de vacinação sejam atingidas.
“O caminho é fazer campanhas conjuntas para diminuir o número de vezes que as pessoas vão ter que ir buscar a vacinação. Mas a comunicação tinha que ser mais efetiva. Tem muita gente com dúvida, médicos com dúvidas, a população com mais dúvidas ainda sobre quem vai, quem não vai”, conclui.
Outras etapas
Apesar do fim da primeira etapa da campanha, idosos e profissionais de saúde ainda podem procurar a vacina da gripe para garantir a proteção.
A partir de 2/5, a campanha vai contemplar crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade; gestantes e puérperas; povos indígenas; professores; pessoas com comorbidades; e pessoas com deficiência permanente.
Também serão vacinadas na segunda etapa membros de forças de segurança e salvamento e Forças Armadas; caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; jovens de 12 a 21 de idade sob medidas socioeducativas; e população privada de liberdade.
A lista de grupos prioritários da segunda etapa, que vai até 3/6, contempla 41,8 milhões de pessoas. Ao todo, o Ministério da Saúde pretende imunizar 77,9 milhões de pessoas, com meta de 90% de cobertura em cada um dos grupos.