Greenpeace cobra ações de governos para enfrentar desastres climáticos
A passagem do ciclone extratropical no RS já deixou 47 mortos e mais de 25 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, segundo último balanço
atualizado
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As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias após passagem de um ciclone extratropical poderiam ser evitadas caso houvesse políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas. É o que asseguram especialistas do Greenpeace Brasil, organização não governamental da causa ambiental.
Segundo boletim divulgado nessa quinta-feira (14/9) pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, pelo menos 47 pessoas morreram em decorrência das enchentes provocadas por chuvas intensas.
De acordo com as informações, 9 pessoas seguem desaparecidas. Já são mais de 25 mil desabrigados ou desalojados, e mais de 354 mil afetados. Até o momento, 100 municípios foram atingidos.
Para Igor Travassos, da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, é preciso que as esferas de governo atuem agora para prevenir novas tragédias. “Quantos mais precisarão morrer ou perder tudo para que os governantes garantam cidades seguras para todas as pessoas?”, questiona Travassos.
“O enfrentamento à emergência climática deve ser prioridade para o poder público. As fortes chuvas que resultaram em dezenas de mortes e milhares de desabrigados e/ou desalojados nesses últimos dias no Rio Grande do Sul são resultado da falta de políticas efetivas de prevenção, adaptação às mudanças climáticas e resposta aos eventos extremos. Não estamos lidando com um fato novo ou inesperado. O sul do país tem sofrido com os efeitos das passagens de ciclones na região por décadas e nada de concreto tem sido feito”, complementa.
Planos na estaca zero
A Política Nacional sobre Mudança do Clima, instituída pelo governo federal em 2009, foi estabelecida com o objetivo de proteger o sistema climático global. Segundo o decreto, dois planos setoriais deveriam ser criados: a mitigação, com o intuito de reduzir as causas do aquecimento global a partir do combate às emissões de gases de efeito estufa, e a adaptação, que prepararia o Brasil para lidar com as consequências que viriam no futuro, mesmo que as emissões chegassem a zero de um dia para outro.
Apesar das medidas tomadas para reduzir as emissões, como o combate ao desmatamento da Amazônia, a adaptação não foi colocada em prática. Através de uma portaria do Ministério do Meio Ambiente, em 2016 foi lançado um Plano Nacional de Adaptação (PNA). Apesar disso, ele não foi adotado por outras pastas e nunca chegou a ser implementado, tendo seu prazo expirado em 2020.
No início deste ano foi criado o Comitê Interministerial (CIM), que estabeleceria um novo plano climático para o Brasil. Comandado pela Casa Civil e com a participação de 19 ministérios, o grupo seria responsável por definir as ações contra as mudanças climáticas. Contudo, após nove meses desde a criação, o comitê não se reuniu até hoje.
O Greenpeace Brasil defende a renovação urgente do PNA, com ampla participação da sociedade civil e elaboração de medidas que promovam a justiça climática, protegendo as parcelas da população que estão mais expostas aos riscos.
O Metrópoles procurou o Ministério do Meio Ambiente, governo do Rio Grande do Sul e a Casa Civil da Presidência da República com o objetivo de saber o que tem sido feito para a prevenção de desastres climáticos, mas não obteve respostas. O espaço está à disposição.