Gravador usado em conversa com Temer está no exterior, afirma advogado
Defensor de Joesley Batista, Francisco Assis disse que o aparelho será levado diretamente para a Polícia Federal assim que retornar ao país
atualizado
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A PF informou nesta segunda-feira (22/5) que ainda não recebeu o gravador usado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, na conversa com o presidente Michel Temer, em 7 de março, no Palácio do Jaburu. Mais tarde, a defesa dele contou que o equipamento está no exterior e voltará ao Brasil na manhã desta terça-feira (23/5). Advogado do delator, Francisco Assis disse que o aparelho será entregue diretamente à PF assim que retornar ao país. As informações são do G1.
A PF solicitou no domingo (21) à Procuradoria-Geral da República (PGR) o gravador utilizado pelo empresário. Não há prazo para o término da avaliação. A perícia deverá responder às perguntas enviadas pela defesa do presidente Michel Temer e da PGR, encaminhadas por Rodrigo Janot.
Os áudios dos diálogos de Joesley e de outros executivos da JBS com os alvos da Operação Patmos já estão na PF — além de Temer, gravado por Joesley, são investigados o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o deputado Rocha Loures (PMDB/PR), aliado do presidente.
Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de corrupção passiva, obstrução da investigação e participação em organização criminosa, alega que a gravação de sua conversa com Joesley foi editada e manipulada. Seu defensor, o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, pediu a suspensão do inquérito até que a perícia federal seja realizada. O Plenário do STF vai decidir na quarta-feira.
A PF já recebeu os quesitos apresentados pela PGR e pela defesa do presidente para elaboração do laudo pericial. Mas os peritos insistem que é “fundamental” o gravador utilizado por Joesley. Os investigadores assinalaram que “não há prazo inicial estipulado para conclusão dos trabalhos periciais, especialmente diante da necessidade apontada de perícia também no equipamento”.
Desde que firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria, Joesley se mudou com a família para Nova York — sua saída do país, sem tornozeleira eletrônica, faz parte do pacto. Investigadores avaliam que este é o acordo mais “generoso” da Lava Jato. Joesley e seu irmão, Wesley, vão pagar R$ 110 milhões cada um. O grupo tenta acordo de leniência, mas oferece um valor pouco superior a R$ 1 bilhão — a Procuradoria exige mais de R$ 11 bilhões.
Veracidade
Em pronunciamento na tarde de sábado (20), o peemedebista questionou a autenticidade das gravações e citou uma matéria da “Folha de S. Paulo” que apontou edições nos áudios. Em nota, Joesley afirmou que o conteúdo registrado não sofreu alterações.
Na quarta (24/5), o STF discute e julga em plenário o pedido de Temer para a suspensão do inquérito que o investiga.