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Grandes bancos financiaram mineradoras que miram terras indígenas

Oito grandes mineradoras receberam cerca de R$ 276 bilhões de instituições financeiras nos últimos anos, revela relatório da Amazon Watch

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Chico Batata/Greenpeace
Garimpo na Terra Indígena Yanomami
1 de 1 Garimpo na Terra Indígena Yanomami - Foto: Chico Batata/Greenpeace

Instituições financeiras do país, como o fundo de pensão brasileiro Previ, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil, financiam grandes mineradoras com interesses em terras indígenas e histórico de violações de direitos.

A lista de financiadores inclui também corporações sediadas nos Estados Unidos, como a Capital Group, a BlackRock e a Vanguard.

No total, a Vale, Anglo American, Belo Sun, Potássio do Brasil, Taboca/Mamoré (Grupo Minsur), Glencore, Rio Tinto e AngloGold Ashanti receberam nos últimos cinco anos um aporte de US$ 54,1 bilhões (o equivalente a R$ 276 bilhões na cotação atual) dessas instituições, revela levantamento feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Amazon Watch, publicado nessa terça-feira (22/2).

O cálculo considera o valor dos empréstimos, subscrições e investimentos em ações e em títulos feitos pelos bancos, desde 2016. O repasse não é destinado diretamente para ações da empresa no país, mas revela que os investimentos não têm qualquer tipo de seleção.

“Todos esses atores podem ser responsáveis por conter a destruição causada pela mineração”, aponta o relatório.

Em 5 de novembro de 2021, o Amazônia Minada, mapa interativo do Amazônia Real, identificou 2.478 requerimentos minerários ativos sobrepostos a 261 terras indígenas no sistema da ANM. Quase metade desses pedidos (1.085) são para prospectar ouro. Os pedidos foram feitos por 570 mineradoras, associações e grupos internacionais que querem explorar uma área de 10,1 milhões de hectares.

O relatório destacou oito empresas que, além de possuírem pedidos ativos para explorar áreas onde ficam terras indígenas, têm histórico de impactos sobre esses povos no Brasil, em especial, na Amazônia. Essas companhias também possuem vínculos com corporações financeiras internacionais.

“A gente lança esse relatório em um momento crucial para os povos indígenas. Precisamos chamar a atenção do país e do mundo para a reponsabilidade dessas instituições – grandes investidores que despejam dinheiro com pouquíssimos critérios socioambientais”, diz Rosana Miranda, assessora de campanha do Brasil do Amazon Watch, em conversa com o Metrópoles.

A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) lidera o ranking dos maiores financiadores. A instituição tem R$ 7,441 bilhões em ações da Vale, responsável pela barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, que rompeu em janeiro de 2019 e deixou mais de 270 mortos.

Entre os brasileiros, a segunda colocação fica com o Bradesco. Além de ações na Vale, o banco financiou a Glencore e a Minsur.

Além disso, no período analisado, o banco francês Crédit Agricole foi o maior credor dessas mineradoras, com US$ 698 milhões em empréstimos e subscrições, seguido de perto pelo Bank of America, dos Estados Unidos, com US$ 670 milhões. Em terceiro, outro banco europeu, o alemão Commerzbank, com US$ 668 milhões, seguido pelo conglomerado Citigroup, também dos Estados Unidos, com US$ 651 milhões, e pelo SMBC Group, do Japão, com US$ 525 milhões.

Veja o ranking dos 40 maiores financiadores:

Em nota, a AngloGold Ashanti informou que não opera e não tem interesse em operar em Terras Indígenas. “Na década de 1990, a produtora de ouro solicitou requerimentos de pesquisa mineral em diversas regiões no país. Três dessas áreas posteriormente foram demarcadas como Terras Indígenas (TIs), o que levou a companhia a desistir das mesmas.

“A decisão foi protocolada junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) no final da década de 1990. No entanto, como não houve atualização do processo no sistema da ANM, a AngloGold Ashanti ratificou a retirada do requerimento de pesquisa em 21 de junho de 2021. Atualmente, os investimentos da empresa no Brasil estão concentrados basicamente na expansão de suas minas localizadas em Minas Gerais e Goiás”, acrescentou a companhia.

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