Governo pagou assessores que acompanharam ministro em Carnaval
Três assessores da Secretaria-Geral da Presidência tiveram passagens e diárias pagas pelo erário para participar de evento em Aracaju
atualizado
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Pelo menos três assessores da Secretaria-Geral da Presidência tiveram passagens para Aracaju (SE) e diárias pagas pelo governo enquanto o ministro titular da pasta, Márcio Macêdo, participava do Pré-Caju, evento pré-carnavalesco que ocorre em novembro.
Levantamento do Metrópoles junto ao Portal da Transparência mostra que a ida dos assessores à capital de Sergipe entre 2 e 6 de novembro de 2023 custou, no total, R$ 18.557 ao erário. As despesas foram autorizadas pelo Ministério de Gestão e Inovação e pela Presidência da República.
As solicitações foram feitas pelo próprio ministro, com a justificativa de que os servidores acompanhariam uma atividade no Instituto Renascer Para a Vida. No entanto, a agenda oficial de Márcio não registra compromissos oficiais entre 2 e 5 de Novembro. No Flickr oficial da pasta também não há fotos de qualquer atividade no período.
É também no Flickr da Secretaria-Geral da Presidência que se pode ler o crédito ao fotógrafo Bruno Peres em diversas imagens. O nome verdadeiro do profissional é Bruno Fernandes de Alencar da Silva, coordenador-geral de Fomento.
Apesar de as passagens e diárias de Bruno em Aracaju terem custado R$ 6.692,66 aos cofres públicos, as únicas atividades registradas do fotógrafo no perfil de Márcio Macêdo no Instagram são fotos do ministro na folia em 4 e 5 de novembro. O perfil do profissional é creditado nos posts.
Assessor da Secretaria Nacional da Juventude, órgão vinculado à Secretaria-Geral, Yuri Darlon Góis também esteve em Aracaju nas datas do evento pré-carnavalesco. Suas passagens e diárias custaram R$ 5.173,95 ao erário.
Em seu perfil no TikTok, Yuri chegou a compartilhar um vídeo do evento em 5 de novembro, quando supostamente estaria trabalhando na agenda do Instituto Renascer Para a Vida. “A maior prévia carnavalesca do Brasil”, dizia parte da legenda do post que ainda pode ser visualizado por meio do cache do Google. A postagem, no entanto, foi apagada quando acumulava 472 curtidas.
Nas mesmas datas e com a mesma justificativa, Tereza Raquel Gonçalves, gerente de Projetos do Gabinete do Ministro, esteve na capital de Sergipe. Ela mantém perfis fechados nas redes sociais. Suas passagens e diárias custaram R$ 6.692,66 ao contribuinte.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do Jornal O Globo, a emissão das passagens foi uma das discordâncias que culminaram no pedido de demissão de Maria Fernanda Ramos Coelho, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência.
Maria Fernanda se recusou a autorizar os gatos, após saber que Márcio convidou servidores do seu gabinete para o Pré-Caju com as passagens pagas com dinheiro público. O chefe da pasta teria resolvido a questão autorizando ele mesmo a ida dos servidores a Aracaju, o que é corroborado pelos documentos disponíveis no Portal da Transparência.
Sindicância
A Secretaria-Geral da Presidência da República determinou abertura de sindicância para apurar as denúncias feitas em relação à viagem dos funcionários a Aracaju. Em nota, destacou que “nunca houve tratativa sobre quaisquer passagens nem diárias de viagem entre a ex-secretária e o ministro Márcio Macêdo”.
“A exoneração foi a pedido dela (Maria Fernanda) por questões pessoais”, informou.