metropoles.com

Governo paga até 275% mais caro por passagens aéreas

Cálculo leva em conta a média da tarifa paga pelo poder Executivo e a cobrada de todos os passageiros nos principais trechos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
avião viagem
1 de 1 avião viagem - Foto: Getty Images

O governo federal paga quase três vezes mais do que a média por passagens aéreas. A comparação leva em conta a tarifa média paga em viagens de servidores públicos nos 10 principais trechos voados em 2021 e qual foi a tarifa média geral para essas ligações neste ano.

As informações relativas às viagens a serviço de funcionários do Executivo federal estão no Portal da Transparência. Já a tarifa média em todos os voos entre dois aeroportos é disponibilizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os valores foram levantados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.

O trecho mais percorrido em viagens a trabalho pelo governo federal é entre o Rio de Janeiro e Brasília. O valor médio pago foi de R$ 844 em 2021. Já entre a capital federal e a antiga sede do governo federal o preço médio foi de R$ 780,53. A tarifa média geral para consumidores “comuns” entre as duas cidades, contudo, foi de R$ 267,17. Assim, os valores pagos pelo Executivo foram 215% e 192% maiores, respectivamente.

O terceiro e o quarto trecho mais voados por servidores federais envolvem o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e Brasília. Nesses casos, os preços médios pagos pelo governo foram de R$ 1.126,49 quando o voo sai de São Paulo, e R$ 1.190,51, quando a decolagem é no Distrito Federal. A ligação entre as duas cidades teve uma tarifa média geral de R$ 316,79. Os preços médios do Executivo foram 256% e 276% mais caros.

O gráfico a seguir mostra a tarifa média paga pelo governo federal e a tarifa média geral calculada pela Anac.

Questionado sobre as razões para isso, o Ministério da Economia apontou alguns fatores que levam o governo federal a pagar mais, em média, nas passagens que compra. Como primeiro fator, a pasta disse que “nossos voos ainda são intermediados por agências de viagens, o que faz com que paguemos valores superiores ao valor nominal da passagem aérea. Este é o principal ponto, que será solucionado com a compra direta de passagens aéreas”.

Há também questões mais difíceis de serem resolvidas já que dizem respeito à dinâmica das viagens a trabalho. “A média geral informada pela Anac considera os voos de qualquer horário, e, no caso dos deslocamentos a serviço, os voos são em horários específicos, para os quais normalmente não são disponibilizadas tarifas promocionais”, aponta a pasta.

Além disso, prossegue a pasta, “as promoções ofertadas pelas companhias aéreas, que fazem os valores serem mais baixos, geralmente se concentram nos períodos noturnos ou muito cedo”. “Aliado a isso, o horário da compra também influencia. A administração pública funciona em horário comercial, o que não nos permite usufruir dos famosos ‘madrugadões’ de promoções”, conclui.

A Controladoria Geral da União (CGU) apontou que “as compras feitas pelo governo são sempre intermediadas por agências de Viagens, o que acarreta cobranças de tarifas para intermediação junto às companhias aéreas. Isso é um entrave legal em decorrência da legislação tributária. O governo não pode comprar passagens diretamente das companhias aéreas”.

A Associação Brasileira de Agências de Viagem do Distrito Federal (Abav-DF) rebate os argumentos do governo federal. “Não háo compra direta que resolva isso, porque a escolha da missão a trabalho, com dias e horários específicos, é exclusiva do servidor, não podendo falta de planejamento e antecedência serem imputadas às agências, que apenas repassam as tarifas definidas pelas companhias aéreas aos demandantes”, disse, em nota, a o presidente da entidade, Levi Barbosa.

Ele acrescentou que “o modelo de agenciamento é utilizado pelas grandes corporações privadas, que possuem agências operando tarifas oficiais e sistemas de emissão em tempo real e gestão a evitar perdas, apenas o Executivo Federal insiste no contrário em relação ao que há de mais atual no mercado de emissões em larga escala”.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) apontou que “as políticas de preço são individuais e estratégicas de cada companhia aérea”. Assim, a reportagem procurou as três maiores empresas do setor no Brasil – Azul, Gol e Latam – para entender como é formado o preço das passagens. Apenas a Latam respondeu até o fechamento desta edição.

A empresa explicou que, “assim como todo o setor aéreo, trabalha com o sistema de precificação dinâmica, que considera diversos fatores para oferecer a cada cliente o produto mais adequado”. “Isso permite oferecer tarifas atrativas para o consumidor de acordo com a época do ano, o tempo de viagem, a data de partida, conexões, entre outros fatores”, acrescentou.

Para obter preços menores, a companhia recomenda “programar as suas viagens e adquirir as suas passagens com antecedência para encontrar os preços mais atrativos. É possível encontrar as melhores tarifas domésticas no Brasil de 6 a 2 meses antes do voo pretendido. No caso de viagens ao exterior, esta antecedência gira em torno de 8 a 4 meses”.

Em março, ao falar sobre a queda no preço médio das passagens aéreas durante a pandemia, a Azul disse que “os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com alguns fatores importantes, como trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?