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Governo mantém sigilo da justificativa para uso do FirstMile pela Abin

Ministério da Justiça não autoriza acesso a processo que tem parecer da AGU usado pela Abin como aval para uso de software de geolocalização

atualizado

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Foto colorida de viatura da Polícia Federal em frente a Abin - Metrópoles
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O governo federal mantém sigilo sobre o processo que contém um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) utilizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como justificativa para o uso do software israelense FirstMile — o programa permite a espionagem de pessoas por geolocalização do celular.

Esse programa foi adquirido no governo de Michel Temer (MDB) e usado para espionar opositores de forma ilegal pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), segundo investigação da Polícia Federal (PF).

Reportagem do Metrópoles de fevereiro deste ano mostrou que o uso do “software espião” não era defendido apenas pelos servidores da Abin alinhados ao governo Bolsonaro, mas também por uma ala que defendia a utilização seguindo protocolos internos, mesmo sem autorização judicial de quebra de sigilo.

O aval jurídico usado pelos defensores da espionagem por geolocalização era um parecer da AGU de 2021, o qual afirma que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não se aplica para o tratamento de dados com fins de segurança pública, investigação e repressão de ilícitos.

Mas o parecer também diz que “o tratamento dos dados para estas finalidades será disciplinado em lei especial”.

Sigilo sobre software

Esse parecer foi emitido no contexto de um processo interno do governo, que a reportagem tentou acesso via Lei de Acesso à Informação (LAI), mas o governo não autorizou por considerar sigiloso.

A negativa foi justificada em portaria do MJSP de 2019 que prevê como sigilosa a informação que “implica risco ou dano aos interesses da sociedade e do Estado” ao evidenciar a “capacidade operacional dos órgãos de segurança pública e penitenciárias, tais como equipamentos, máquinas, veículos, armamentos e seus acessórios, softwares, entre outros”.

Em contato com o Metrópoles, o MJ informou que não é responsável pelo uso que a Abin faz do parecer, que não trata especificamente do FirsMile.

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