Governo Lula sofre críticas nas redes por não condenar o Hamas
Insatisfação se deu após notas de autoridades do governo não classificarem as mortes de brasileiros em Israel de assassinatos
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Itamaraty e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania sofreram críticas nas redes sociais por não condenarem diretamente o grupo Hamas, que está em guerra com Israel. Em notas oficiais, o governo brasileiro, por exemplo, não cita o nome da organização extremista nem classifica as mortes de brasileiros em solo israelense como assassinatos.
O conflito entre o Hamas e Israel reacendeu no sábado (7/10), após massacre em uma festa de música eletrônica nas proximidades da Faixa de Gaza. Até o momento, dois brasileiros morreram no ataque extremista: Ranani Glazer e Bruna Valeanu, ambos de 24 anos. E um segue desaparecido.
“Ele (Ranani) morreu de quê, infarto?”, perguntou um usuário na rede social X, antigo Twitter, ao anúncio oficial da morte de um dos brasileiros. “Vocês confundem equilíbrio com covardia! Diplomacia com falta de posicionamento. Essa nota é uma vergonha!”, escreveu outro.
Muitos internautas também reagiram com frases como “Vamos deixar de ser omissos, né? Vamos explicar que foi assassinada por terroristas do Hamas”, “O que aconteceu com ela (Bruna)? Caiu da laje? Bateu de moto?” e “Brutalmente assassinada por terroristas”. Veja:
Diante das cobranças, o Itamaraty desabilitou os comentários na web.
O Metrópoles entrou em contato com o Itamaraty, a Secretaria de Comunicação Especial e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, mas não recebeu posicionamentos oficiais até a publicação desta reportagem.
Cobrança além das redes
Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG) e Alan Rick (União-AC) requereram, nessa segunda-feira (9/10), que três autoridades ligadas ao presidente Lula sejam convidadas a prestar esclarecimentos na Comissão de Relações Exteriores (CRE) sobre o posicionamento do Itamaraty em meio à guerra entre Israel e Hamas.
Os três convidados à comissão do Senado Federal são: Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores; José Múcio, ministro da Defesa; e Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores, que atuou durante governos anteriores de Lula.
Viana disse estar preocupado pelo Hamas ter cumprimentado “Lula pela última eleição”, além de o Itamaraty não ter citado o Hamas “nem condenou os atos terroristas”. O senador também deseja saber como o governo federal está contribuindo para a repatriação de brasileiros que estão em Israel.
Mortos e feridos
Além dos dois brasileiros, a guerra entre Israel e Hamas matou mais de 1,9 mil pessoas e deixou milhares de feridos desde a ofensiva de sábado (7/10). Pelo menos 100 reféns acabaram levados para a Faixa de Gaza, região que o governo israelense decretou “cerco total”, com cortes de eletricidade, água, alimentos e combustíveis.
No quarto dia de guerra, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, informou que mais de 200 locais na Faixa de Gaza receberam bombardeios. Entre eles dois túneis que ligavam ambos os territórios.
Repatriados
Mais de 2 mil brasileiros em Israel pediram repatriação, de acordo com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv. No total, seis aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) cumprirão a missão no país do Oriente Médio, com o primeiro voo de volta a solo brasileiro previsto para pousar em Brasília às 4h desta quarta-feira (11/10). Também serão disponibilizados médicos e psicólogos para auxiliar os resgatados.
O Itamaraty informou, ainda, que a Embaixada do Brasil no Egito coordena uma ação para a retirada de brasileiros na Faixa de Gaza.