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Governo Lula abre diálogo com militares para distensionar relação após atos

Dez dias após atos golpistas, com invasões e depredações às sedes dos Três Poderes, Governo Lula busca aproximação com Forças Armadas

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1 de 1 lula bravo - Foto: Divulgação

Uma semana após os atos terroristas na Esplanada dos Ministérios, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a abrir o diálogo com os militares para distensionar a relação. Não foram bem recebidas as críticas feitas por Lula na última quinta-feira (12/1), quando citou “conivência” da Polícia Militar e das Forças Armadas nos atos terroristas de 8 de janeiro e disse ainda estar convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi “aberta por alguém de dentro”.

Na terça-feira (17/1), entrou no circuito um dos ministros mais próximos de Lula, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, que se dirigiu pessoalmente ao Ministério da Defesa para uma reunião-almoço com o ministro da pasta, José Múcio, e os comandantes das três Forças. Até então, a ponte com os militares vinha sendo feita quase exclusivamente pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

A principal proposta na mesa para gerar reaproximação com o segmento é o aumento de investimentos nas Forças Armadas através de Parcerias Público-Privadas (PPPs) aplicadas a projetos na área de Defesa. Segundo Costa, a modernização militar já era uma proposta que Lula queria dar prioridade desde a transição de governo.

“Não é afago, porque isso não é novidade. O presidente pediu isso não foi agora em janeiro. Ele pediu isso lá no início. Antes mesmo de escolher os comandantes das Forças Armadas, ele já determinou que gostaria de receber e de alinhar os investimentos, a modernização das Forças Armadas, a formação de mão de obra, com o que as principais nações do mundo fazem”, afirmou Costa a jornalistas.

Agenda

Até sexta-feira (20/1), será negociada uma agenda do presidente Lula com os comandantes para, segundo Rui Costa, apresentar esse projeto de modernização. O encontro deverá ser o primeiro após os atos de 8 de janeiro. Segundo o ministro, estarão presentes o general Júlio Cesar de Arruda (Exército), o almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).

A reunião aparece como um aceno do governo federal às Forças Armadas. Uma das preocupações da campanha petista era exatamente a relação do presidente com o setor militar, caso vencesse, uma vez que o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), tinha um laço estreito com a classe.

O cientista político Rodrigo Marques aponta que a presença de militares no último governo foi marcante, incluindo a do próprio Bolsonaro, que tem uma trajetória militar. “Durante o governo Bolsonaro, as Forças Armadas foram muito empoderadas. Houve uma militarização da máquina pública e há muitos simpatizantes de Bolsonaro dentro da estrutura militar”, explica.

Militares ocuparam cargos de poder no governo do ex-presidente, o que também apresentava um desafio para Lula. Já neste primeiro mês de sua gestão, o petista exonerou 40 militares somente da Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, sem justificativas públicas.

“É um grande desafio do governo Lula propor um diálogo com as Forças Armadas. É importante lembrar que as Forças Armadas são a estrutura da burocracia do Estado, fazem parte do Estado e devem servir para auxiliar os poderes constituídos, e que o presidente é o comandante-chefe das Forças Armadas”, diz Marques.

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Forças Armadas serão parte importante do Estado

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Ministro desagrada petistas

Apontada por aliados do próprio Lula, a omissão de José Múcio, chefe da Defesa, após os atos antidemocráticos, é mais uma peça que preocupa no novo governo. Na data dos ataques às sedes dos Três Poderes, o ministro não se pronunciou, e permaneceu em silêncio nos dias seguintes. Sem resposta clara em meio à pressão, petistas passaram a cobrar a saída de Múcio. O presidente, no entanto, é resistente e afirma que o chefe da Defesa continuará no posto.

“Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu que o trouxe para cá. Ele vai continuar sendo o meu ministro, porque eu confio nele. É um companheiro da minha relação histórica. Tenho o mais profundo respeito por ele, ele vai continuar. Se eu tiver que tirar cada ministro cada hora que ele comete um erro vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil”, afirmou Lula em café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, na semana seguinte aos ataques a Brasília.

Múcio estará presente na reunião entre Lula e os comandantes das Forças Armadas desta semana. O gesto visa recuperar a imagem de “conciliador” que lhe rendeu o cargo.

Leandro Gabiati, doutor em ciência política, ressalta a importância do encontro.

“A reunião tenta diminuir atritos, apaziguar a situação, algo que é fundamental para o governo. O governo precisa de uma pauta positiva”, diz. “É importante para o governo de que de alguma forma diminua o barulho, diminua o atrito entre governo e Forças Armadas.”

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