Governo fará pesquisa sobre Covid-19 para criar mapa da doença
Na prática, o governo coletará informações para entender o comportamento da doença e criar um mapa da infecção no país
atualizado
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Pouco mais de um ano e dois meses após a confirmação do primeiro caso de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no Brasil, o Ministério da Saúde começará a monitorar a prevalência de infecção do vírus no país.
Na prática, o governo coletará informações sobre adoecimentos que fornecerão evidências e subsídios para ações e respostas sobre o comportamento da doença nas unidades da Federação. As informações serão usadas para criar um mapa da infecção no país.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participou nesta quarta-feira (5/4) do lançamento da Pesquisa de Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil (PrevCOV).
“Há pouco mais de um ano enfrentamos essa emergência sanitária. Temos que pôr fim a esse caráter pandêmico do vírus. Precisamos pôr fim na circulação desse vírus para termos nossa vida como antes”, defendeu.
A pesquisa vai descrever as características socioeconômicas, demográficas e epidemiológicas dos infectados pelo novo coronavírus.
Mais de 211 mil pessoas participarão do levantamento. Questões como sintomas, contato com casos anteriores, realização de testes e a vacinação (foto em destaque) serão investigadas.
A intenção do governo é estimar a magnitude da infecção no Brasil, com análises para capitais, regiões metropolitanas, unidades Federativas e grandes regiões do país. Além disso, o levantamento vai avaliar a morbidade e letalidade pela Covid-19.
A pesquisa contará com apoio dos conselhos nacionais de secretários Estaduais de Saúde (Conass) e Municipais de Saúde (Conasems), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS).
Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems, afirmou que a pesquisa será importante para o governo compreender o momento da doença. “Isso possibilitará melhores respostas e entender um pouco mais a doença”, salientou.
O Ministério da Saúde considera a pesquisa um dos maiores inquéritos sorológicos do mundo. Amostras dos participantes serão armazenadas por cinco anos para a criação de uma “soroteca”, que desenvolverá estudos científicos posteriores.
O governo criou o comitê de governança da pesquisa em 2020. A portaria com a determinação foi publicada em 30 de dezembro. À época, o Ministério da Saúde era chefiado pelo general Eduardo Pazuello.
O Brasil ultrapassou 14,9 milhões de casos confirmados do novo coronavírus e mais de 412 mil óbitos em decorrência da Covid-19.
Até o momento, o Ministério da Saúde aplicou 44,8 milhões de doses da vacina (entre primeira e segunda doses).
Especialista defendem participação
A representante da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) no Brasil, Socorro Gross, defendeu que a população participe da pesquisa.
“Isso mostra o talento que o país tem em realizar pesquisa e que acredita na ciência. Isso é muito importante na nossa região. A pesquisa trará evidências novamente. As pessoas precisam acreditar na pesquisa para que possamos trazer respostas mais eficientes”, afirmou.
O mesmo posicionamento foi defendido pela presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Teixeira. “Temos uma tradição de trabalho na vigilância e importante atuação no trabalho de análise epidemiológico e poderemos contribuir estudos complementares. Esse trabalho permitirá cruzar dados com outras bases importantes. Será para nós muito importante fazer avançar a compreensão interdisciplinar da doença”, explicou Nísia.
Experiência no DF
O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, que participou como representante do Conselho Nacionais de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), contou que a capital teve dificuldades em realizar levantamento semelhante.
“Fizemos, entre dezembro e janeiro, uma pesquisa de anticorpos semelhante no DF. À época, 18% das pessoas já estavam imunizadas, mas pela infecção do vírus”, contou.
Contudo, segundo Osnei, moradores de algumas cidades do DF foram resistentes à participarem da consulta. “Os agentes batiam na porta das pessoas e elas não atendiam”, detalhou.
O secretário defende que as informações, como amostras de pessoas que contraíram a doença, serão de extrema importância para estudos das novas variantes, por exemplo.