Governo estuda criar memorial sobre atos terroristas em Brasília
Segundo a ministra da Cultura, Margareth Menezes, proposta ainda está sendo discutida e ainda não há local para a instalação do memorial
atualizado
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A ministra da Cultura, Margareth Menezes, anunciou nesta terça-feira (10/1) que ganhou força no governo a ideia de criar um memorial sobre os atos terroristas promovidos por uma minoria de bolsonaristas radicais, em Brasília, no domingo (8/1). Em conversa com a imprensa, a ministra disse que a proposta ainda está sendo discutida e ainda não há local para a instalação do memorial.
“A ideia de criar um memorial sobre essa violência que sofremos. Esse é um tesouro artístico, do povo brasileiro. Isso é um pertencimento do Estado. Uma violência muito desrespeitosa e profunda. Esse memorial é para deixar marcado isso para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível, com a memória intocável que é a nossa democracia”, afirmou.
Margareth visitou, na tarde desta terça, as dependências do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, e do Supremo Tribunal Federal (STF) para avaliar os prejuízos causados aos prédios. Segundo ela, a estimativa de danos está sendo levantada e deve ser finalizada na quinta-feira (12/1).
A jornalistas, a ministra também disse que ainda não é possível saber se um relógio do século XVII, feito pelo francês Balthazar Martinot e destruído por terroristas no Planalto, poderá ser restaurado.
Danos no Planalto
De acordo com levantamento preliminar da Presidência da República, obras importantes, como o Relógio, de Balthazar Martinot, de valor inestimável; As Mulatas, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões; e O Flautista, de Bruno Giorgi, de R$ 250 mil, também foram alvos dos atos antidemocráticos.
Segundo o Palácio do Planalto, os bolsonaristas destruíram obras que estavam no térreo, no primeiro e no segundo andares do prédio. Veja a lista abaixo:
No andar térreo:
- Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
- Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar:
- O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.
No 3º andar:
- Obra “As mulatas”, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanhos. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até cinco vezes maior em leilões.
- Obra “O Flautista”, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliada em R$ 250 mil.
- Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.
- Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck — exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita.
- Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado.
- Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.
O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, disse que será possível recuperar a maioria das obras vandalizadas, mas estima como “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.