Governo Doria avalia que variante Delta está sob controle em SP
Coordenador de comitê científico disse que “o que está acontecendo no Rio de Janeiro, a gente não está vendo aqui ainda”
atualizado
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São Paulo – A preocupante variante Delta da Covid-19 tem causado aumento do contágio em países mesmo com alto percentual de vacinados. No Rio de Janeiro, estima-se que já seja a cepa predominante. Em São Paulo, no entanto, os casos com a mutação ainda são poucos e a expectativa do governo é de tranquilidade com as próximas semanas. Até esta quarta (18/8), havia 231 infecções confirmadas da variante.
Desde terça-feira (17/8), o estado não possui mais restrições de horário e ocupação de comércios, serviços, bares e restaurantes. Shows com lugares marcados já são permitidos. Em novembro, a região se prepara para permitir público em estádios e em eventos como a Fórmula 1.
Paulo Gabbardo, médico coordenador do antigo Centro de Contingência do Coronavírus – agora reduzido a um comitê –, disse nesta quarta-feira (18/8) que o estado monitora a Delta e, caso ocorra alguma modificação nos indicadores, poderá tomar “as medidas necessárias”. Mas, até o momento, “não existe nenhum indicativo de que esta variante tenha alterado ou que possa estar mostrando alguma tendência de modificação nos indicadores”.
O fim das restrições gerou uma onda de críticas. A Sociedade Paulista de Infectologia divulgou uma nota alertando sobre os perigos que a Delta pode trazer. A associação recomendou que o retorno deveria ser feito de forma mais gradual.
Paulo Menezes, outro médico que coordena o comitê, explicou que agora “a situação é muito mais controlada”. Questionado sobre o efeito que a Delta tem causado em países como os Estados Unidos, onde voltaram a ser registradas mais de mil mortes por dia após cinco meses, afirmou que a situação em São Paulo se mostra menos preocupante.
“Tem algumas coisas que lá já tinha liberado e aqui não liberamos, principalmente o uso de máscara. Acho que ela traz uma proteção muito importante. Nós estamos monitorando”, falou.
No Rio, a nova cepa já é motivo de grande alerta: a Secretária de Saúde do estado manifestou, na segunda-feira (16/8), a apreensão com um “possível enfrentamento de uma nova onda de contágio da Covid” por causa da variante, de acordo com documento revelado pelo G1.
Lá, 56% das amostras colhidas e sequenciadas no último mês eram da mutação, e o estado já tem hospitais com UTIs lotadas novamente. São Paulo trata a pandemia como um problema mais perto de ser superado. Prova disso foi o fim do Centro de Contingência do Coronavírus, decretado pelo governador João Doria (PSDB).
Doria transformou o centro, composto por 21 integrantes, em um comitê científico de nove pessoas, entre médicos e pesquisadores. O governador disse que “não faz o menor sentido manter 21 pessoas se mobilizando” neste momento em que há queda de casos, internações e óbitos e com o avanço da vacinação.
De fato, a campanha de imunização em São Paulo tem acelerado, com 94% dos adultos com a primeira dose. Mas estudos estimam que a proteção conferida por apenas uma aplicação gira em torno de 30%, e ainda não se sabe a resistência que a Delta tem aos antígenos atuais.
“O que está acontecendo no Rio de Janeiro, a gente não está vendo aqui ainda, pelo contrário. Se começar, a gente revê a flexibilização. Estamos acompanhando diariamente, os casos continuam caindo”, afirmou Menezes.
Para o especialista, o Rio traz diferenças em relação a São Paulo, como o sistema de saúde. “O Rio vive respirando no limite. Quando há uma alteração, ele já sente. Hoje, nós temos no estado 100 mil leitos de UTI vazios, o Rio está discutindo se tem que ampliar leitos e nós temos leitos vazios”, disse. Segundo ele, o estado vizinho também tem “menos respeito às medidas de distanciamento e sempre foi muito mais permissivo que São Paulo”.