Governo de SP diz que André do Rap vai assumir tráfico internacional do PCC
Autoridades paulistas buscaram opções para manter preso o traficante após o STF tê-lo liberado, mas não deu certo
atualizado
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O governo de São Paulo procurou o Ministério Público Estadual logo após a decisão do Marco Aurélio Mello para estudar o que podia ser feito para manter o André do Rap preso. Na sexta-feira (9/10), a promotoria entrou com pedido em São Vicente para que a Justiça decretasse a prisão preventiva do acusado em outro processo que ele responde na cidade sob a acusação de tráfico internacional de drogas.
A estratégia buscava repetir a ação feita em 2008 para impedir a libertação de um grupo do PCC que atacou a penitenciária de Franco da Rocha. Na época, a estratégia deu certo, com a decretação da prisão dos acusados depois de eles terem o flagrante relaxado pelo STF.
Desta vez, a articulação do governo deu errado porque a juíza de São Vicente negou o pedido do MPE. No dia seguinte, sábado (10/11) de manhã, a Secretaria de Administração penitenciária (SAP) teve de soltar o acusado.
A SAP sabia dos planos de André do rap de fugir para o Paraguai, para assumir o controle do tráfico internacional da facção, conforme consta na ficha do preso. E o governo conseguiu indícios de que foi isso mesmo o que André do Rap fez, em vez de seguir para seu endereço no Guarujá.
O documento da SAP mostra que André do Rap é integrante do PCC e coordenava a exportação de drogas da facção para o exterior, via Porto de Santos. O documento relata que ele foi preso em uma mansão na cidade de Angra dos Reis (RJ).
De acordo com ele, no local havia “dois helicópteros, um deles adquirido por André por 7 milhões de reais e uma lancha, adquirida por 6 milhões de reais”. De acordo com a SAP, ele “possui altíssimo poder financeiro, e estando em liberdade, assumirá o tráfico internacional de drogas da facção”.
A Policia Civil e a Policia Federal monitoraram André do Rap depois que ele deixou a penitenciária 2 de Presidente Venceslau no sábado pela manhã. Os agentes constaram que ele se dirigiu para Maringá (PR) em vez de ir para o Guarujá (SP), onde dizia ser sua residência. Os agentes acreditam que de Maringá ele tenha apanhado uma aeronave para seguir até o Paraguai, onde assumiria a chefia da facção.
É no Paraguai e na Bolívia que o PCC mantém contatos com doleiros para a lavagem de dinheiro e controle o tráfico para o Brasil e para a Europa e a África, onde a facção mantém contatos com a ‘Ndragheta’, principal organização mafiosa da Itália.