Governador do ES classifica de “chantagem” e “ilegal” atuação de PMs
A paralisação dos policiais militares já dura cinco dias. Neste período, houve 87 mortes violentas registradas no estado
atualizado
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O governador licenciado do Espírito Santo, Paulo Hartung, fez nesta quarta-feira (8/2) um apelo aos policiais militares e classificou como “chantagem” a paralisação que já dura cinco dias e levou o caos ao estado. Segundo ele, o movimento “é o mesmo que sequestrar o direito do cidadão capixaba e cobrar resgate”.
PMs do Espírito Santo chegam nesta quarta ao quinto dia de paralisação e, neste período, o estado registrou 87 mortes violentas. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Policiais Civis capixaba. Além disso, a Federação do Comércio avalia prejuízo de pelo menos R$ 110 milhões causado por roubos a 270 lojas — R$ 20 milhões em saques e R$ 90 milhões em vendas perdidas.
O chefe do Executivo do estado afirmou ainda que, para atender a reivindicação dos policiais, é necessário haver um rombo de R$ 500 milhões nos cofres públicos.
Hartung passou por um procedimento cirúrgico na sexta-feira (3), para a retirada de um tumor na bexiga. Ele tinha ido ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a realização de um exame de imagem, quando os médicos decidiram operá-lo imediatamente. Segundo eles, o tumor estava em fase inicial.O governador deverá ficar afastado das funções por mais duas semanas, mas nesta quarta concedeu entrevista coletiva, ao lado do governador em exercício, César Colnago, e do secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia.
Críticas
Paulo Hartung criticou duramente a paralisação. “Não podemos sucumbir à chantagem corporativa”, reprovou. Por duas vezes, ele declarou que o motim dos policiais militares é como um sequestro. “Não se pode pagar resgate nem pelo aspecto ético, nem por uma questão que é fundamental na vida dos brasileiros, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal”, comparou.
O governador acrescentou que, caso ceda, isso poderia se espalhar por outros estados. De acordo com Hartung, atender às reivindicações salariais dos policiais é inviável. “Vocês sabem quanto custa esse aumento? Aplique esse porcentual que os políticos ontem se reuniram escondidos para pedir ao governo. Custa meio bilhão. Onde vamos arranjar meio bilhão?”, indagou.
Hartung pediu “bom senso e equilíbrio”, e criticou todos os envolvidos com a paralisação na Polícia Militar. “Estão manchando a imagem de uma instituição mais que secular. São atitudes grotescas. Quero olhar no branco do olho desses policiais e pedir que respeitem essa instituição, respeitem nosso Estado do Espírito Santo, respeitem o cidadão capixaba. Quem paga essa conta é o cidadão capixaba.”
O governador licenciado também insistiu que o motim é ilegal. “Esse movimento é um movimento ilegal, inconstitucional, e pior: o método adotado por algumas lideranças é um método que dá vergonha. É o método da chantagem.”