Gotas de esperança: campanha motiva doação de leite materno
Iniciativa lançada na segunda-feira do Ministério da Saúde marca o Dia Nacional e Mundial de Doação do Leite Humano, celebrado em 19/5
atualizado
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O Ministério da Saúde lançou na segunda-feira (6/5) uma campanha que marca o Dia Nacional e Mundial de Doações do Leite Humano, comemorado em 19 de maio. A ação promove e incentiva a importância da doação de leite materno no Brasil.
Para este ano, a meta é ampliar em 5% a oferta de leite para recém-nascidos internados nas unidades neonatais do país que não podem ser amamentados pela mãe.
Todos os anos, no Brasil, aproximadamente 150 mil litros de leite humano são coletados e distribuídos para recém-nascidos. A campanha do governo federal tem como slogan “Doe leite materno: vida em cada gota recebida”, fazendo uma chamada de generosidade e solidariedade para salvar vidas de bebês prematuros, ou que passem por dificuldades de saúde.
Um único pote de leite de 200 ml pode alimentar até 10 bebês prematuros ou de baixo peso. O Ministério da Saúde reforça que qualquer doação pode ajudar, pois, dependendo do peso do prematuro, 1 ml já é suficiente para nutrir um recém-nascido em cada refeição.
Ainda que o Brasil seja referência em doação de leite materno e possua a maior rede, com 225 bancos de leite humano em todos os estados e 217 pontos de coleta, a quantidade doada em 2023 corresponde a apenas 55% da necessidade das unidades neonatais.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2023, foi registrada a doação de 253 mil litros de leite humano, com apoio de 198 mil mulheres, beneficiando, assim, mais de 220 mil recém-nascidos. Esse número é 8% maior do que o registrado em 2022.
Sheila Almeida, coordenadora de enfermagem da Maternidade do Hospital Santa Lúcia e supervisora do Banco de Leite Humano, conta que a doação de leite contribui para o crescimento saudável de bebês prematuros ou de baixo peso que necessitam desse alimento para o desenvolvimento.
“O leite materno é o melhor alimento que os bebês podem ter e é capaz de reduzir 13% das mortes evitáveis em crianças e menores de 5 anos de idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), bebês prematuros que se alimentam de leite humano durante o período de internação na UTI, possuem mais chance de recuperação e de terem vida mais saudável”, aponta Sheila.
“Esse leite tão rico e tão importante não pode ser produzido de forma artificial. Por isso que a doação é essencial para salvar vidas, beneficiando bebês que estão internados e não podem ser amamentados pelas próprias mães. Um litro de leite pode ajudar 10 bebês ou até mais”, explica.
Ao Metrópoles, a auxiliar contábil e fiscal Camila Marques Magalhães relata sobre a necessidade que teve de doação de leite materno e o momento em que percebeu que poderia ser doadora também. “Primeiramente, eu precisei da fórmula do hospital, pois o meu filho não conseguia sugar o meu peito, então tive muita dificuldade para poder aprender a oferecer esse leite. Ele ficou tomando misto, o meu leite e a fórmula do hospital”, afirmou.
“Eu achava que era um leite humano, mas na verdade eram fórmulas e, a partir disso, eu fiquei com interesse relacionado a esse assunto. Precisei muito da ajuda das profissionais do banco de leite, ainda mais quando eu tive que me internar por conta de uma trombose, e nesse período meu filho acabou perdendo o direito à fórmula, porque ele não era o paciente do hospital. Foi quando precisei ainda mais do banco de leite”, explica.
“Além disso, as técnicas do hospital me ajudaram a ordenhar meu leite tanto para o meu filho, quanto para doação. Então, quando recebi alta, eu continuei doando. Para essa doação, tem todo um preparo, de ordenha, preparo psicológico e cuidado para não ter contaminação. Existe um grupo no WhatsApp que as meninas do banco de leite perguntam quantos frascos têm para doar e é tudo bem organizado. Na sexta-feira, elas organizam para que na segunda a bombeira possa recolher em casa. Com certeza, as profissionais são essenciais nesse processo, pois somos tratadas com muito zelo”, diz Camila.
A jornalista Maita Tôrres Rocha também precisou da doação de leite e foi doadora. “Tive minha filha em 2017, em um parto de risco, e ela precisou de leite materno do banco de leite, por uns quatro dias. Eu já tive vontade de doar, então depois desse episódio doei por um ano”, conta.
Benefício para a mulher
A doação de leite é um benefício tanto para os bebês quanto para a saúde da mulher. Ao Metrópoles, Janine Cavalcante, enfermeira e consultora em amamentação, comenta sobre as vantagens do leite materno. “Para os bebês, ajuda na redução de doenças, por exemplo, hipertensão, obesidade, alergias, diabetes e outras. Também estimula e ajuda a fortalecer os ossos e músculos da face, além de que tem maiores chances de sobrevivência, pois tem o sistema imunológico fortalecido e reduzindo o risco para infecções”, relata.
Janine ainda explica sobre os benefícios da amamentação para as mães. “Reduz o sangramento pós-parto, reduz o risco de câncer de mama, ovário e endométrio, evita osteoporose, protege contra doenças cardiovasculares, pode ajudar na redução de peso e tem mais chances de manter uma boa produção de leite”, conclui.
Saiba como armazenar e transportar o leite materno:
- Após a retirada do leite materno, é importante colocar o frasco no freezer ou congelador;
- O leite materno deve ser transportado em até 15 dias após a primeira coleta.
Quem pode doar:
- Mulher que está amamentando ou ordenhando leite para o filho;
- Estar saudável;
- Apresentar exames pré ou pós-natal compatíveis com a doação de leite ordenhado;
- Não usar medicamentos incompatíveis com a amamentação;
- Em caso de não ter feito o pré-natal, realizar exames específicos;
- Não usar álcool e nem drogas ilícitas.
As mães que desejarem doar devem ligar para o número 160 (opção 4) ou se cadastrar no site do Amamenta Brasília.