metropoles.com

Gorjeta indevida é o motivo mais frequente pelo qual deputados devolvem cota parlamentar

Ressarcimento acontece quando o dinheiro é utilizado para fins não autorizados pelo regimento interno

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Congresso Nacional Câmara dos Deputados
1 de 1 Congresso Nacional Câmara dos Deputados - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os parlamentares brasileiros têm direito a uma cota mensal de dinheiro público para custear os trabalhos de suas equipes e comprar serviços, como passagens aéreas. Não é preciso licitar, mas a prestação de contas é obrigatória e regida por um regulamento. Por não cumprirem pontos dessa norma, os deputados federais da atual Legislatura, iniciada em 2019, já devolveram R$ 138,9 mil da verba indenizatória para a Câmara dos Deputados.

As informações foram obtidas a partir de pedido à Lei de Acesso à Informação (LAI) e analisadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles.

Ao todo, ocorreram 276 ocasiões em que um deputado federal teve de devolver valores para a Câmara. Segundo os dados repassados pela Casa, o principal motivo é o pagamento de gorjeta, seja para serviços de transportes, como a Uber, ou taxas em restaurantes. Isso aconteceu 133 vezes, praticamente a metade das devoluções (48% do total), e somou R$ 1.129,04.

As gorjetas estão entre os gastos que não podem ser pagos com dinheiro público da cota parlamentar.

O gráfico a seguir mostra quanto cada parlamentar já teve de ressarcir e quantas vezes isso aconteceu.

Casos

O deputado que mais devolveu dinheiro foi Ronaldo Carletto (PP-ES), com R$ 17,6 mil – referentes a descontos em folha. Em seguida vem Antônio Imbassahy (PSDB-BA), com R$ 16,5 mil, relacionados a documentos que deveriam ter sido enquadrados no exercício de 2018 e estavam listados em 2019.

Quando a quantidade de devoluções é levada em conta, o primeiro lugar é de Alexis Fonteyne (Novo-SP), com 50 casos, que somam R$ 341,96. O segundo posto é de Vanderlei Macris (PSDB-SP), com 33 episódios, e o terceiro lugar é de David Soares (DEM-RJ), com 19 situações que totalizaram R$ 192,66.

4 imagens
Aglomerações ficaram no passado, agora o trabalho é de casa
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
Maia
1 de 4

Plenário vazio da Câmara

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
2 de 4

Aglomerações ficaram no passado, agora o trabalho é de casa

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
3 de 4

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
4 de 4

Maia

Rafaela Felicciano/Metrópoles

 

Entre as devoluções, alguns casos chamam a atenção. O deputado Hugo Leal, por exemplo, teve de devolver R$ 764,16 por ter gastado o dinheiro em diária de hotel para pessoa não vinculada ao gabinete. Procurado para comentar, ele não respondeu até o fechamento desta edição.

Em valores, as maiores devoluções foram “a pedido do parlamentar”, com R$ 58,7 mil, em 51 casos. Em outras cinco situações, o gasto foi realizado em empresas inaptas na Receita ou com o CNPJ baixado. Elas somam R$ 11,7 mil. Há também três contextos em que a restituição ocorreu por demanda de cidadãos. Isso aconteceu com os deputados Aluísio Mendes (PSC-MA), R$ 130 e R$ 77,5, e Pompeo de Mattos (PDT-RS), R$ 15.

A Ouvidoria
Demandas e denúncias de cidadãos chegam à Câmara principalmente por meio da Ouvidoria do órgão. Responsável por chefiar esse setor até o final deste ano, o deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG) diz que seu papel é aumentar a transparência e dar respostas a todas as demandas.

“Ainda que não seja procedente, respondemos todas”, garante. Ele explica que denúncias que parecem coerentes são encaminhadas aos parlamentares para que eles se justifiquem ou resolvam a questão. A devolução dos valores ocorre quando não há justificativa para o gasto ou quando ela não é aceita. “A gorjeta, por exemplo, às vezes, a pessoa paga sem perceber, está inclusa na nota, mas o nosso sistema percebe”, explica ele.

No todo
Os R$ 138,9 mil devolvidos parecem um número alto por si, mas correspondem a, apenas, 0,04% do que os deputados federais gastaram em cota parlamentar nesta Legislatura. Segundo a Câmara, os 513 parlamentares já usaram R$ 297 milhões desde janeiro de 2019.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?