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Golpistas se aproveitam de tragédias para criar falsas vaquinhas

Perfis falsos foram criados para arrecadar dinheiro às vítimas de Petrópolis, onde mais de 230 pessoas morreram após forte temporal

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Aline Massuca/Metrópoles
Morro da Oficina em Petrópolis
1 de 1 Morro da Oficina em Petrópolis - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

São Paulo – Tão logo foram noticiados os estragos causados pelas fortes chuvas em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, no último dia 15, pessoas e organizações iniciaram campanhas para arrecadar doações para as famílias afetadas. Mas houve quem se utilizasse da comoção nacional para o mal: criminosos criaram sites para roubar dinheiro daqueles que estavam dispostos a ajudar.

Um jovem de 15 anos chegou a ser preso no dia 19/2, em Belford Roxo, após criar uma página falsa de ajuda às vítimas das chuvas em Petrópolis, que já deixaram 233 pessoas mortas.

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) ainda identificou mais dois perfis falsos do Instagram SOS Serra – ONG que atua na região há anos e tem trabalhado no apoio aos atingidos pelas chuvas – e investiga quem são os criadores.

Esse tipo de crime já foi visto em outros casos que causaram grande comoção. Em julho do ano passado, alguém criou uma “vaquinha” virtual falsa em nome de Mirtes Renata, mãe do menino Miguel Otávio, que morreu após cair do nono andar de um prédio residencial no Recife (PE), no qual Mirtes trabalhava como empregada doméstica.

A vaquinha, criada em seu nome, pedia dinheiro para a construção de uma casa nova.

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Em 2020, Mirtes Renata, mãe de menino Miguel que morreu ao cair de um prédio no Recife, denunciou uma vaquinha falsa criada em seu nome.
Renato e Aline Openkoski, pais do bebê Jonatas, de Joinville, foram investigados por terem usado dinheiro de doações para filho – que tem AME – para compras e viagens.
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Há um mês, Petrópolis sofreu com fortes chuvas. Mais de 200 pessoas morreram

Aline Massuca/Petrópolis
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Em 2020, Mirtes Renata, mãe de menino Miguel que morreu ao cair de um prédio no Recife, denunciou uma vaquinha falsa criada em seu nome.

Arquivo Pessoal
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Renato e Aline Openkoski, pais do bebê Jonatas, de Joinville, foram investigados por terem usado dinheiro de doações para filho – que tem AME – para compras e viagens.

Reprodução

Blogueira foi vítima

Em 2019, a blogueira Alinne Araújo tirou a própria vida um dia após realizar um casamento solo. O noivo terminou com ela um dia antes da cerimônia. A moça, então, decidiu fazer a celebração mesmo assim e casou-se consigo mesma.

No dia seguinte, porém, se jogou do nono andar do prédio onde residia no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Dias depois, golpistas criaram uma vaquinha online falsa usando o nome de Alinne, pedindo ajuda para os ritos fúnebres. A família alertou sobre o caso nas redes sociais.

Em 2017, um casal de Joinville (SC) foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) após arrecadar mais de R$ 4 milhões em uma campanha online para tratar a doença do filho, que tinha Atrofia Muscular Espinhal (AME).

De fato, o menino tinha a doença, mas as investigações concluíram que os pais usavam as doações não apenas para as despesas de saúde do filho, mas para pagar viagens e comprar carros, bebidas, celulares, perfumes, videogames, óculos e jóias. Famosos chegaram a apoiar a campanha #AMEOJONATAS.

A crise nos sistemas de saúde brasileiros durante a pandemia da Covid-19 também foi usada como motivo para vaquinhas falsas na internet.

Campanha no DF

Em março de ano passado, golpistas criaram uma campanha de doação falsa em nome do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), que supostamente serviria para arrecadar recursos para compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que a empresa administra no Distrito Federal. O Iges precisou emitir nota negando a campanha.

O advogado Adib Abdouni, especialista nas áreas criminalista e constitucionalista, explica que a prática de criar essas vaquinhas falsas “com a finalidade de angariar fundos para a suposta finalidade benemérita de amparar pessoas que se encontram em estado de necessidade ou de emergência, mas com a previsão e vontade do agente do golpe de desviar os recursos em proveito próprio ou de terceiro, configura a prática do crime de estelionato”.

O crime está previsto no artigo 171 do Código Penal, e a pena é de reclusão de um a cinco anos, além de multa.

Como evitar?

O site Vakinha, uma das principais plataformas de arrecadação de dinheiro online, dá algumas dicas de segurança para não cair em golpes. Segundo a plataforma, esse tipo de estelionato representa menos de 1% das campanhas, mas ainda assim é preciso cuidado.

Algumas das dicas são desconfiar de histórias que são pouco detalhadas, com poucas fotos e textos; observar a quantidade de doações, pois campanhas de grande evidência geralmente têm muita ajuda; desconfiar se uma campanha tiver poucas doações, mas de valores altos; verificar se a campanha possui comentários e compartilhamentos no Facebook; e buscar o nome da campanha no site, pois se aparecerem campanhas iguais, é possível que uma delas seja clonada.

Caso doe para uma vaquinha falsa, é possível denunciar para as próprias plataformas. Se não houver retorno, é possível denunciar para a Polícia e para o Ministério Público de seu estado.

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