Goiás investiga dois casos suspeitos de mucormicose, o “fungo preto”
Um dos pacientes está internado em tratamento para Covid-19. Doença comumente chamada de “fungo preto” é muito rara e causa necroses
atualizado
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Goiânia – Dois casos suspeitos de mucormicose, a doença do fungo preto, estão sendo investigados em Goiás. A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) informou, na noite desta sexta-feira (11/6), que as amostras para exames foram colhidas e encaminhadas para análise no Laboratório Central de Goiás (Lacen).
De acordo com a pasta, um dos pacientes está internado em estado gravíssimo, no Hospital das Clínicas (HC), na capital goiana, em tratamento para Covid-19. Segundo a coordenação da unidade de saúde, o homem de 31 anos tem diabetes e começou a desenvolver uma necrose nasal, característica da mucormicose.
“Ele está com o sistema imunológico muito abatido. A micose é muito invasiva, ele teve coágulos de acometimentos de vasos do pescoço e um Acidente Vascular Cerebral, típicos do quadro clínico da doenças”, disse o coordenador do HC, José Garcia, ao portal G1.
Já o outro paciente está internado em um hospital particular no estado. Até o momento, a SES não tem detalhes sobre as informações clínicas do caso.
Segundo a secretaria, uma nota técnica deve ser divulgada em breve. A data para o resultado das análises não foi divulgada.
Mucormicose
A mucormicose, comumente chamada de “fungo preto”, é uma infecção muito rara. É causada pela exposição ao fungo mucoso, que faz parte da família Mucoraceae, comumente encontrado no solo, plantas, esterco, frutas e vegetais em decomposição.
Trata-se de um fungo agressivo, e os infectados muitas vezes precisam de cirurgias mutilantes, como a retirada dos olhos, para se recuperar.
A infecção do “fungo preto” já acometeu quase 9 mil pacientes com Covid-19 na Índia. Os especialistas acreditam que a diminuição da imunidade, bem como o uso de esteroides para pacientes com casos graves de Covid-19, podem desencadear casos da doença.
Grupo de risco
Os indivíduos mais vulneráveis à mucormicose são portadores de diabetes mellitus descompensada ou com cetoacidose. No grupo de risco, ainda estão usuários de corticoides de forma prolongada, além de pacientes com alguns tipos de câncer, queimados graves, portadores de feridas abertas e transplantados de órgãos sólidos.
O aumento do ferro sérico e a diminuição dos linfócitos, que ocorrem na Covid-19, também são fatores que predispõem a essa micose oportunista.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a apresentação clínica mais frequente da mucormicose é rino-ocular. Começa com edema (inchaço) e endurecimento da região nasal ou em volta dos olhos, dor na face e secreção nasal sanguinolenta. Essa doença pode rapidamente progredir para lesão cerebral e morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoces. Os fungos entram nos vasos sanguíneos, causam embolia e infarto, levando à necrose tecidual. A maioria dos casos que chegam a acometer o cérebro são fatais. Pode ainda ter acometimento pulmonar ou de outros órgãos.