Goiânia: mesmo com saída coletiva, prefeito diz que MDB está na gestão
Ex-vice de Maguito Vilela, morto pela Covid, Rogério Cruz garante que legenda segue firme com ele, mesmo após saída em massa de auxiliares
atualizado
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Goiânia – Eleito vice na chapa de Maguito Vilela (MDB), morto pela Covid-19 em janeiro deste ano, o atual prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), minimizou, nesta segunda (5/4), o pedido de demissão em massa de auxiliares emedebistas. De acordo com ele, o partido segue firme na gestão e como aliado de primeira hora. Para justificar sua tese, citou os quatro vereadores eleitos pela sigla, além dos suplentes.
Nesta segunda, 14 membros de 1º escalão ligados ao MDB entregaram o cargo e se somaram a outros 7 que já tinham sido dispensados. A contrariedade tem relação com a gradativa ocupação de espaços por parte do Republicanos. O prefeito tem importado auxiliares e isso incomodou o presidente emedebista, o ex-deputado federal Daniel Vilela, filho de Maguito.
A posição do herdeiro de Maguito foi ecoada por vários aliados, que decidiram sair em bloco da gestão. No entanto, para Rogério Cruz, o recado é claro. Não foi o MDB que deixou o governo e sim o grupo de Daniel Vilela.
“Respeito essa decisão. Mas aqui está uma grande parte do MDB, que é prova que essa gestão não está expulsando ninguém. Quem foi para a disputa de votos pelo MDB está aqui do nosso lado, que são os vereadores eleitos e os suplentes do MDB. Não podemos confundir o legado de Iris Rezende com o trabalho de Daniel Vilela”, disse o prefeito em coletiva de imprensa no início da tarde na sede da prefeitura.
Para reforçar sua tese, apontou os vereadores Clécio Alves, Anselmo Pereira, Dr. Gian Said e Henrique Alves, todos do MDB e ali presentes. Apesar do partido ter decidido por sair da gestão municipal, os parlamentares não seguiram na mesma linha e, inicialmente, seguem na base do prefeito.
Rogério Cruz foi vereador por dois mandatos e é pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
Quem manda?
A fala no prefeito nesta tarde tentou marcar posição. Mais cedo, também em coletiva, Daniel Vilela disse ter ouvido do próprio Rogério Cruz que as mudanças na prefeitura seriam indicações da direção nacional do Republicanos. Em várias oportunidades o prefeito quis deixar claro quem é o verdadeiro mandatário.
“São legítimas as mudanças implantadas por mim, afinal eu sou o responsável”, disse em um momento. “Não existe mudança de rumo, vamos cumprir o plano de governo e o líder desse processo sou eu, o prefeito da cidade”, acrescentou, em outro.
Ele também disse que está mais preocupado em vacinar a população e não ter tempo para se preocupar com “picuinhas políticas”. “Ou será que eu, na função de prefeito, teria que deixar outras pessoas ditarem as regras?”, indagou.
Rogério Cruz deu ainda um recado claro ao presidente estadual do MDB.
“Respeito demais o Daniel, mas ele precisa entender que ele não foi eleito, foi o pai dele. E o plano de governo vencedor será cumprido em respeito ao Maguito Vilela e à população“, frisou.
Debandada
Também nesta segunda, no anúncio da saída do partido da gestão, Daniel Vilela foi bem objetivo na sua definição sobre a prefeitura. “A verdade é que hoje Goiânia está em um voo às cegas”.
Desde a morte de Maguito, no dia 13 de janeiro, após 83 dias internado, o MDB seguia lado a lado de Rogério Cruz na gestão da cidade e, em menos de três meses, começou a ver alguns dos nomes sugeridos para o primeiro escalão sendo exonerados sem aviso prévio.
Além da saída coletiva, os emedebistas ainda assinaram uma carta que foi posteriormente encaminhada ao prefeito. No texto, eles apontam discordância frontal com os rumos da gestão. “Não seremos cúmplices de quem porventura tenha decidido por outro caminho que não o de trabalhar para Goiânia seguir em frente”, afirma o texto.
O MDB fala em intervenção da direção nacional do Republicanos na Prefeitura de Goiânia e que isso gerou “um desmonte” nos quadros da administração. “De forma pouco transparente e sem o consentimento da população, a prefeitura está sendo loteada por grupos políticos e consultores de fora do nosso estado”, diz o partido.