Goiânia e região metropolitana têm restrições mais duras contra Covid
No total, 20 municípios adotam medidas mais severas para enfrentamento da pandemia; ocupação de leitos de UTI para Covid segue acima de 90%
atualizado
Compartilhar notícia
A pressão provocada pela alta ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19 levou Goiânia e 19 municípios da região metropolitana a decretarem restrições severas, com permissão de funcionamento apenas de atividades essenciais, a partir de segunda-feira (1º/3). A medida valerá por sete dias e será reavaliada após esse período.
Os detalhes dos decretos municipais foram divulgados neste sábado (27/2), durante entrevista coletiva à imprensa, logo depois da segunda reunião emergencial entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e prefeitos de cidades da região metropolitana, em menos de 24 horas.
As medidas serão reavaliadas considerando, por exemplo, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid. Apenas se esse índice não ultrapassar 70% por cinco dias consecutivos, as restrições poderão ser revistas para uma possível retomada da normalidade a atividades econômicas.
“Março será mais duro”
O governador alertou a população sobre o aumento da disseminação do coronavírus, que, segundo ele, deve avançar ainda mais nos próximos dias. “Teremos o mês mais duro, que será o mês de março”, destacou. Caiado também editou decreto que autoriza teletrabalho para servidores estaduais.
Além de Goiânia, os municípios que adotam as novas restrições são, por ordem alfabética: Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caldazinha, Caturaí, Goianápolis, Goianira, Guapó, Hidrolândia, Inhumas, Nova Veneza, Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis de Goiás e Trindade.
Veja as principais restrições
- Comércio: todo o comércio não essencial deve ser fechado, incluindo bares nas cidades e as lojas da Rua 44, em Goiânia, por exemplo. Em panificadoras, padarias, confeitarias, restaurantes e lanchonetes, está autorizada comercialização de produtos apenas para retirada deles no local ou na modalidade delivery;
- Templos Religiosos: permitidos atendimentos individualizados previamente agendados, ficando vedada a realização de missas, cultos, celebrações e reuniões coletivas.
- Escolas privadas: unidades podem funcionar com, no máximo, 30% da capacidade;
- Escolas públicas mnicipais: autorizadas aulas on-line;
- Instituições de ensino superior: aulas remotas tanto em unidades públicas quanto privadas;
- Bancos: atendimento, prioritariamente, por meio eletrônico e agendamento;
- Repartições públicas: recomendação para trabalho de casa, exceto em atividades essenciais em que essa modalidade não possa ser exercida. Pode ser dispensado o trabalho presencial dos servidores e empregados considerados pertencentes a grupos de risco, a critério da prefeitura.
- Eventos esportivos: autorizada realização de partidas, mas sem público;
- Praças esportivas e parques: proibida a circulação de pessoas;
- Eventos particulares: estão todos proibidos, como casamentos, festas, desfiles, dentre outros, além dos que são realizados em salões de festas ou condomínios horizontais e verticais;
- Feiras livres: permitida comercialização apenas de hortifrutigranjeiros e gêneros alimentícios, desde que observadas as boas práticas de operação padronizadas pelos órgãos competentes e vedada a venda e o consumo no local de produtos processados. O distanciamento entre as bancas deve ser de ao menos 1,5 metro.
- Oficinas mecânicas e borracharias: apenas atendimento de urgência e emergência.
- Autopeças: atendimento exclusivamente na modalidade delivery, mantendo apenas a metade dos funcionários, presencialmente.
funcionários;
Atividades essenciais
As atividades consideradas essenciais não serão interrompidas, mas deverão ser realizadas mediante as recomendações das autoridades sanitárias, como uso de máscara facial e distanciamento entre as pessoas de ao menos um metro. Neste grupo, estão:
- Distribuidoras e revendedoras de gás e posto de combustíveis, supermercados, distribuidoras de água, açougues, peixarias, estabelecimentos de laticínios e frios, frutarias e verdurões;
- Atendimento em saúde de urgência e emergência e em unidades de psicologia, psiquiatria, fisioterapia, nutrição, reabilitação, hematologia, hemoterapia, oncologia, neurocirurgia, cardiologia, neurologia intervencionista, pré-natal, terapia renal substitutiva e de emergências odontológicas;
- Farmácias, drogarias, clínicas de vacinação, clínicas de imagem, serviços de testagem para COVID-19; unidades públicas e privadas de atendimentos ambulatoriais e especialidades em saúde de instituições de ensino superior, com atendimento em 50%, mediante agendamento prévio, ficando vedado o atendimento para procedimentos estéticos e laboratórios de análises clínicas;
- Cemitérios e funerárias;
- Segurança pública e privada;
- cartórios extrajudiciais, desde que observadas as normas editadas pela Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás;
- Coleta, tratamento de lixo e varrição urbana;
- Empresas de transporte público e privado;
- Empresas de energia elétrica, saneamento e telecomunicações;
- Hotéis e pousadas;
- Obras de construção civil de infraestrutura do poder público;
- Atendimento ao Público nas centrais de atendimento Atende Fácil.
Não é só leito
Antes da apresentação das novas restrições, as autoridades chamaram a atenção para o iminente risco de colapso hospitalar, intensificado com a lotação de leitos, que, segundo elas, sempre serão limitados. Por isso, todas destacaram que o principal caminho para enfrentamento da pandemia é a conscientização das pessoas.
A situação geral do estado é de calamidade, apesar de ter regiões em estado crítico ou de alerta. A cada dez pessoas que entram em leito de UT para rataI, cinco morrem por complicações da doença. “Por isso, contamos com o apoio de todos os goianienses e cidadãos do estado de Goiás”, disse o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos).
O prefeito de Aparecida de Goiânia, a segunda maior cidade do estado, Gustavo Mendanha (MDB), afirmou que as restrições mais severas são necessárias. “Sei que muitas pessoas estão chorando por saber que estarão por uma semana fechado. Mas, para mim, é mais confortável ver essas pessoas chorando por não poder sair do que chorando por não ter leito de UTI”, asseverou.
Preocupado com a grande quantidade de mortes em decorrência de complicações da doença, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi, disse que seguirá atuando firmemente no combate à pandemia. “O “Ministério Público continuará apoiando os prefeitos da região metropolitana para que tenhamos vidas salvas”, disse ele.
O secretário estadual de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino lembrou que todos os estados brasileiros enfrentam lotação acima de 90%. “Em Goiás, não é diferente. Apesar de termos aumentado a quantidade de leitos, a subida exponencial de casos graves supera o número desses leitos. Não é só com leitos que se enfrenta a pandemia. É preciso conscientização da população”, afirmou.
Revisão constante de medidas
O surto de Covid-19 tem feito os prefeitos revisarem, constantemente, as medidas de enfrentamento à pandemia, já que o número de casos e de mortes em razão de complicações da doença não param de aumentar.
Na última quinta-feira (25/2), por exemplo, a capital já havia endurecido as regras para a população. Elas foram estabelecidas em decreto anterior, que definiu horários específicos de funcionamento para bares e restaurantes e para a Região da Rua 44, além da redução da capacidade de lotação em estabelecimentos comerciais, templos religiosos, escolas e velórios.
Taxa de ocupação e casos
Em Goiânia, conforme dados oficiais, 84% dos 224 leitos de UTI para tratamento contra a Covid-19 estão ocupados, na tarde deste sábado. Em todo o estado, segundo painel online da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO), a taxa de ocupação está em 94,1%, considerando os 407 leitos de UTI para pacientes diagnosticados com a doença.
Em Goiás, de acordo com monitoramento da SESGO, já foram registrados 394.591 casos de Covid-19, com 8.479 mortes. Outros 24 óbitos estão em investigação. A taxa de letalidade da doença está em 2,15%.