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Goiânia: após restrições, bares e restaurantes falam em 6 mil demissões

Prefeito da capital, Rogério Cruz tenta resistir à pressão do segmento e, assim, evitar aglomerações e barrar disseminação da Covid-19

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Divulgação/Central Covid
Fiscalização da lei seca da Covid-19 em Goiânia
1 de 1 Fiscalização da lei seca da Covid-19 em Goiânia - Foto: Divulgação/Central Covid

Goiânia – Representantes de bares e restaurantes voltaram a se articular nesta sexta-feira (5/2) para pressionar o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), a flexibilizar ainda mais o decreto da Lei Seca que restringe horário de funcionamento dos estabelecimentos para conter a pandemia da Covid-19 na capital. Para pressionar, o sindicato da categoria informa que, nos próximos dias, 6 mil funcionários do segmento poderão ser demitidos, caso não seja ampliado o período de atendimento a clientes.

A insatisfação do setor aumentou um dia depois de o prefeito ter flexibilizado um pouco mais o decreto que estabeleceu as restrições para evitar aglomeração de pessoas na capital, mas sem alterar as regras para bares e restaurantes.

Pelas normas mais recentes, apenas distribuidoras de bebidas e lojas de conveniência tiveram ampliado em 4 horas seu horário de funcionamento, das 6h às 22h. O decreto original, que passou a valer em 28 de janeiro, fixava o expediente desses estabelecimentos apenas das 8h às 20h.

Apesar de insistirem para ficarem abertos pelo menos até a meia-noite, bares e restaurantes continuam funcionando somente até as 23h, mas o som de música ao vivo ou mecânica nos ambientes deve ser encerrado uma hora antes, para se estabelecer o silêncio total.

Na mesma linha do governo de Goiás, a prefeitura acredita que músicas estimulam as pessoas a permanecerem nos locais além do horário permitido, aumentando, assim, os riscos de proliferação do coronavírus.

Risco de demissão

Os representantes dos estabelecimentos endureceram críticas contra o prefeito. Diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Frederico Costa diz que os 6 mil trabalhadores que poderão ser demitidos haviam retomado aos trabalhos em dezembro, por meio de contratos de experiência. “Agora, eles seriam efetivados, mas serão demitidos por causa da restrição de funcionamento que aumenta os prejuízos”, afirma.

Costa ressalta que estão suspensas, por tempo indeterminado, outras 500 vagas de trabalho em bares e restaurantes que foram abertas na semana passada na capital. “Estamos calculando prejuízo de cerca de R$ 10 milhões do segmento por dia com uma hora a menos de funcionamento, o que representa cerca de 40% do faturamento de um estabelecimento à noite”, diz , reforçando o discurso para tentar convencer a prefeitura.

De acordo com o presidente da Abrasel, representantes do segmento ainda insistem em negociação junto ao prefeito. O Metrópoles apurou que o segmento conta com apoio de vereadores da cidade para aumentar a pressão sobre Cruz e que tentam atuar para agradar o seu eleitorado, mas que não se expõem para evitar desgaste com parte da população que defende as medidas restritivas.

“Agora nós estamos tentando articulação para ver o que pode ser feito ainda. Não conseguimos o objetivo”, assevera Costa, sem citar nomes. Ele destacou que o segmento está insatisfeito com o prefeito, que, conforme acrescentou, havia prometido que iria levar a questão para o Centro de Operações Emergenciais (COE), destinado ao enfrentamento da Covid-19. “O COE deu sinal positivo para [bares e restaurantes] funcionarem até a meia-noite, mas isso não aconteceu”, disse.

Reunião de técnicos

O superintendente de Atenção à Saúde de Goiânia, Yves Mauro Ternes, que integra o COE, confirmou ao Metrópoles que o comitê realizou reunião extraordinária na quarta-feira (3/2) e observou que mais da metade dos leitos ocupados em Goiânia são de pessoas oriundas do interior. Ele rebateu as declarações do presidente da Abrasel.

“Na nossa reunião, indicamos que o prefeito poderia ter autonomia de maior flexibilização, mas ele achou [melhor] ter mais cautela nesse momento e manteve o horário de bares e restaurantes, equacionando o horário de distribuidoras de bebidas e lojas de conveniência”, explicou o superintendente. Segundo ele, o COE não decidiu se os estabelecimentos poderiam, ou não, funcionar ao menos até a meia-noite, já que, conforme disse, a decisão de fixar horário é do prefeito.

As medidas da prefeitura seguiram orientações gerais de regras definidas a partir de decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM), publicado em 26 de janeiro. A reação foi imediata. O Sindicato dos Bares e Restaurantes chegou a tentar derrubar na Justiça o decreto da Lei Seca em Goiânia, mas teve o pedido rejeitado. A pressão, no entanto, continua forte nos bastidores no sentido de revisão das regras.

Em todo o estado, a maior parte dos prefeitos de cidades goianas tomou medidas para evitar aglomeração de pessoas nos próximos dias. Ao menos 178 municípios decidiram não decretar ponto facultativo no Carnaval para evitar ainda mais aglomeração de pessoas e tentar conter a pandemia da Covid-19.

O total corresponde a 72% dos 246 municípios do estado e mostra que a maioria das cidades decidiu seguir a orientação do governo estadual, que já havia decidido não decretar o ponto facultativo no Carnaval.

Feriado do Carnaval

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ainda aguarda o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (PSB), convocar sessão extraordinária para votar projeto de lei enviado nessa quinta-feira (4/2), pelo governo, para suspender o feriado da terça-feira de Carnaval neste ano, que será no dia 16 de fevereiro.

A Casa está em recesso e, apenas no dia 15 de fevereiro terá sessão solene inicial. A primeira sessão ordinária do ano está prevista para o dia seguinte. Fontes afirmam que o projeto do governo poderá ser colocado em votação na próxima terça-feira (9/2), mas ainda não há horário definido. Até lá, representantes de bares e restaurantes também devem fazer articulação com deputados estaduais.

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