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GO: professora é demitida após crítica de deputado por “look petista”

Professora de história da arte usava camiseta alusiva à obra de Hélio Oiticica: “Seja marginal, seja herói”

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goias professora demitida apos usar camiseta oiticica
1 de 1 goias professora demitida apos usar camiseta oiticica - Foto: Arquivo pessoal

Goiânia – Uma professora de história da arte foi demitida de uma escola particular de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana, após ser criticada pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) pelo uso de uma camiseta vermelha com uma frase do artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980).

A mulher, que trabalhava na escola desde janeiro deste ano, usou na última terça-feira (2/5) uma camiseta com a frase “Seja marginal, seja herói” e fez uma postagem nas redes sociais. Segundo ela, que preferiu não se identificar, o deputado fez uma montagem com a imagem com a seguinte legenda: “Professora de história com look petista em sala de aula”.

De acordo com a professora, ela foi demitida na quinta-feira (4/5), por telefone, após a crítica do deputado, que marcou a escola nas publicações. “Sempre uso camisetas com obras de arte. É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretensiosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra. Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma”, explicou a mulher ao portal G1.

De acordo com a profissional, a postagem do parlamentar era uma montagem e a legenda não era a original da foto. Ainda segundo ela, em suas aulas costuma ensinar sobre a obra de Oiticica, por se tratar de um tema frequente em questões de vestibular, como em uma questão do vestibular da Universidade de Campinas (Unicamp), de 2022. Ela ainda ressaltou que sempre explica sobre as obras de arte e seus respectivos contextos históricos.

“Propagar ideologias”

Após a publicação do deputado, o caso repercutiu entre apoiadores e seguidores do parlamentar, que passaram a pressionar a escola por meio das redes sociais. Segundo a professora, ela só soube que sua publicação inicial havia tomado tamanha proporção e que Gayer havia feito postagem sobre o caso quando recebeu uma ligação de um dos sócios da escola, na noite da terça.

“Recebi uma ligação dizendo que eu tinha causado muita dor de cabeça com uma foto que tinhha postado. O tom da escola foi de me culpabilizar por isso, quando, na verdade, fui vítima do caso”, lamentou a professora.

A mulher contou que, no dia seguinte, a escola a convocou para uma reunião e ficou estabelecido que eles tentariam entrar em um acordo para resolver a situação. Porém, na quinta, ela recebeu a ligação informando a demissão. Ainda de acordo com ela, o deputado compartilhou a informação que a professsora havia sido demitida em tom de comemoração, antes mesmo de ser dita a ela por parte da escola.

Por meio das redes sociais, o Colégio Expressão publicou um comunicado: “Ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para nós educadores. Porém, como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos. É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias politicas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas”.

Já o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás) repudiou a atitude do deputado e afirmou que entrou com uma ação contra o parlamentar na Justiça Federal, solicitando a exclusão das redes sociais disseminadoras de ódio e falsas notícias, incluindo que a página dele “persegue professores em nome do monitoramento da suposta doutrinação”.

Ação judicial

De acordo com o advogado da professora, Alexandre Amui, ela entrou com uma ação contra o deputado onde pediu a exclusão dos vídeos, proibição de novas postagens, direito de resposta e dano moral. O advogado ainda diz que deve ajuizar uma ação trabalhista contra a escola.

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