GO: para acolher doentes com Covid, hospital faz prontuário afetivo
Com ajuda de familiares, equipe de unidade de saúde identifica os pacientes pelo nome ou apelidos, descreve gostos e histórias
atualizado
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Goiânia – Um hospital particular da capital de Goiás tem utilizado ações humanizadas no atendimento aos pacientes no tratamento da Covid-19. Com a ajuda de familiares, no momento da admissão do doente, a equipe médica identifica gostos, apelidos, músicas preferidas e, dessa forma, oferece atendimento personalizado baseado em um prontuário afetivo.
Segundo a supervisora de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Rim, Stephany Araújo Nogueira, durante o tratamento, a equipe se torna a família do paciente, já que pela gravidade da doença e pelo alto risco de contaminação, os doentes ficam isolados e não podem receber visitas.
“Nós adotamos esse projeto com a premissa de que todo paciente é o amor de alguém. Ele tem uma história, tem gostos, afinidades e sentimentos. Durante o tratamento, ele vai ficar isolado, sozinha e, nesse momento, seremos a família dele”, disse em entrevista ao portal G1.
De acordo com a diretora-executiva do hospital, Lilian Costa, o local sempre usou o prontuário, mas ampliou esse procedimento desde o início da pandemia. Segundo ela, a equipe pede objetos que permitam ao paciente se lembrar de casa, como cremes e sabonetes, e as informações são coladas na porta dos quartos.
Outra parte importante no atendimento são as músicas. As canções preferidas dos pacientes também são informadas no momento da internação e um grupo de médicos, enfermeiros e psicólogos colocam o som para tocar de forma ambiente.
Um grupo de 13 profissionais se inscreveu para participar do projeto que inclui ainda apresentações quinzenais da própria equipe do hospital. A ação, que visa bem-estar emocional e tranquilidade das pessoas internadas, tem a participação voluntária dos colaboradores.
Veja vídeo:
A psicóloga Amanda Rodrigues Mendes de Oliveira, responsável por colher as informações para o prontuário, disse que o atendimento mais humanizado pode reduzir até mesmo o tempo de internação do paciente. Além disso, o trabalho ajuda a amenizar a ansiedade dos familiares.
Tratamento humanizado
Profissionais de saúde de hospitais do Distrito Federal têm fixado papéis, em leitos de Covid-19, com anotações das características de pacientes. O objetivo é humanizar o tratamento de quem está intubado e levar um mínimo de conforto às famílias.
A iniciativa começou por Isadora Jochims, 35 anos, reumatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e artista visual. Unindo as duas formações, ela resolveu fazer intervenções artísticas na ala reservada ao tratamento da Covid-19. No plantão desse último fim de semana, a médica teve a ideia de conversar com parentes de pessoas intubadas e anotar alguns gostos dos pacientes, para que sejam lembrados por suas personalidades, enquanto são tratados nos leitos.
“Faço parte da Comissão de Humanização do HUB e tive a ideia de começar com esse prontuário afetivo porque, quando tratamos pacientes graves, não conseguimos conversar com eles, e isso reduz o contato afetivo. A família fica muito angustiada, com poucas informações e não pode fazer visita por causa do isolamento”, conta.
A profissional relata que um dos incentivos que teve para começar com a ação foi o incômodo de ouvir com frequência que os médicos estão passando por um “cenário de guerra”. Para fugir dessa ideia, Isadora resolveu ressaltar, para si, para a equipe e para as famílias de pacientes, a importância de cuidar de vidas.
Na conta no Instagram, ela fez uma publicação sobre as intervenções artísticas no hospital. Veja:
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Esperança
Manifestações de apoio aos pacientes com Covid-19 têm emocionado familiares, profissionais da saúde e, principalmente, os acometidos pela doença. No último dia 13/3, o Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus (HCamp), em Goiânia, foi cercado por populares que fizeram uma rede de oração no lugar.
Na ocasião, o hospital estava com 100% na taxa de ocupação dos leitos de UTI e 97,44% nas enfermarias. A unidade é referência no tratamento da doença em Goiás.
Segundo a assessoria de Imprensa do HCamp, é comum familiares de pessoas internadas realizarem orações no local. No entanto, foi a primeira vez que houve uma mobilização pelos pacientes e profissionais de saúde que trabalham no hospital.
Ainda de acordo com a assessoria, várias pessoas que passavam pelo local desceram dos carros e se juntaram à rede de oração pelas pessoas acometidas pela Covid-19, levando esperança a quem estava na unidade.