GO: novo exame de DNA confirma que houve troca de bebês em maternidade
Delegada abriu envelopes com novos resultados de exames de DNA em sala fechada com mães e filhos. Os bebês já foram destrocados
atualizado
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Goiânia – Novos exames de DNA comprovaram que dois bebês foram trocados no Hospital São Silvestre, em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital, no final de 2021. As duas mães com os bebês trocados foram recebidas na tarde desta terça-feira (8/2) na 2ª Delegacia Regional da Polícia Civil para a abertura dos exames.
Com a confirmação do erro na maternidade, cada uma das famílias entregou para a outra o bebê que levou para casa em dezembro do ano passado. A destroca foi feita. Isso ocorreu diante de muita emoção e choro por parte das famílias. Cada uma delas já tinha se apegado e se afeiçoado à criança que cuidava como sua.
A delegada Bruna Coelho, que está à frente do caso, contou para a imprensa que no momento que abriu os envelopes e falou o resultado, houve muita comoção.
“Foi um momento de muito choro, eles estavam bastante abalados. Eles estavam debilitados psicologicamente, bastante emocionados, quando eu li todo os exames conclusivos, ou seja, houve de fato essa troca. Após esse momento só choro mesmo e bastante nervosismo. Nesse momento elas ainda estão com os bebês que levaram para casa, em um momento íntimo delas, absorvendo essa informação”, declarou a delegada.
Emoções e proximidade
A mãe Viviane Alcântara Dias chegou na delegacia por volta das 14h com o bebê no colo. Já a mãe Juciara Maria Silva chegou chorando e passando mal, enquanto a criança era carregada pela irmã.
Após a confirmação do erro, cada família saiu da delegacia abalada e chorando muito. Juciara deixou o local com o filho destrocado nos braços. Ela disse que vai manter o sentimento pela outra criança, da qual cuidou durante mais de um mês como se fosse o dela.
“Vou amar ele como vou amar esse aqui”.
As duas famílias decidiram manter os bebês próximos, mesmo após a destroca, segundo o advogado da família da mãe Viviane, Estevão Dias Ferreira. Ele disse que o momento do anúncio do resultado exame de DNA foi de desespero, pois ainda havia uma ponta de esperança de que estivessem com os filhos legítimos.
Trâmite
O caso já foi comunicado à Justiça. Segundo a delegada, o hospital poderá responder ao erro da troca de forma administrativa ou civil, caso as famílias dos bebês entrem na justiça. Duas técnicas de enfermagem e duas enfermeiras que estavam no momento dos dois partos foram afastadas por decisão do hospital. A Polícia Civil tenta identificar qual funcionário teria cometido o erro que levou à troca.
Os bebês foram trocados na saída do centro cirúrgico e o erro foi percebido inicialmente porque as pulseiras de identificação dos recém-nascidos não eram compatíveis com as pulseiras das mães.
Duas advogadas representantes do Hospital São Silvestre estiveram presentes na delegacia no momento da abertura dos exames de DNA. A advogada Luciana Castro Azevedo pediu desculpas as famílias e garantiu que a instituição está a disposição com a ajuda de psicólogos, psiquiatras e de médicos.
“É um momento muito triste, que a gente sente a dor das mães pelo resultado, porque essa contraprova realmente confirma a troca dos bebês”, disse a advogada para a imprensa na saída da delegacia.
Indenização
O bebê da mãe Viviane já havia sido registrado e tinha certidão de nascimento, mas a legislação permite que esse registro equivocado seja cancelado em até 45 dias, segundo o advogado Eduardo Costa, que representa a família de Juciara.
Os advogados da família defenderam que o custeamento de psicólogos e psiquiatras não são suficientes para reparar o dano causado com a troca dos bebês. Em um primeiro momento ainda ocorre a investigação criminal, mas eles não descartam um pedido de indenização ao hospital.
“Espera-se que isso sirva de lição para que não aconteça com outras famílias. Sabemos que o que aconteceu não foi proposital, porém apesar do hospital ter dito que colocaria a disposição das famílias para tratamento médico, carece de confiança das mães a se colocarem a disposição desses profissionais. Como confiar a sua própria vida e de seu filho a instituição que lhe causou uma situação tão grave?”, afirmou o advogado Eduardo Costa.