GO: mãe que colocou fogo em bebê tem prisão preventiva decretada
Jovem de 24 anos foi presa em flagrante por ocultação de cadáver. Ela queimou o filho recém-nascido dentro de uma caixa de papelão, em Goiás
atualizado
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Goiânia – A mulher de 24 anos que queimou o próprio bebê em uma caixa de papelão teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, na tarde desta sexta-feira (14/5). A jovem, que deve ser investigada pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, confessou o crime, ocorrido na última segunda-feira (10/5), em Anápolis, a cerca de 55 km da capital.
Segundo informações do delegado responsável pelo caso, Wllisses Valentim, a mulher seguirá presa durante a fase final do inquérito policial, bem como durante a instrução criminal.
De acordo com Valentim, em depoimento nesta sexta, o namorado da jovem afirmou ter sido ludibriado por ela. O rapaz relata que a namorada disse ter perdido o bebê em meio à gestação e ter feito procedimento de curetagem. À polícia, o ele disse também que o lote onde ela ateou fogo no bebê é de um irmão dela que mora no exterior.
Segundo o delegado, a versão do rapaz desmonta a versão da mulher, de que ela teria rodado a cidade em busca de um lugar, apontando que ela premeditou ocultar o corpo do recém-nascido no local.
Medo e vergonha
Em depoimento à polícia, a jovem disse que não queria ter o filho por medo e vergonha que a mãe descobrisse a gravidez. Segundo ela, para disfarçar, ela escondeu a barriga nos últimos meses de gestação.
De acordo com a corporação, ao comparecer na delegacia, o namorado também se mostrou surpreso ao saber que o bebê chegou a nascer. Para ele, a namorada havia dito que a gravidez era indesejada e que, por isso, tinha abortado no sexto mês de gestação.
Evangélica, universitária e com medo da reação dos pais, a jovem tentou abortar, mas não conseguiu. Até o fim da gestação ela viveu escondendo a barriga e alegando que havia engordado.
O bebê, na verdade, nasceu saudável na Santa Casa de Anápolis e ela o escondeu em casa até o dia em que o queimou num lote baldio.
Flagrante
A jovem foi presa em flagrante na última quarta-feira (12/5) por ocultação de cadáver, depois que os agentes do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) descobriram imagens de câmeras de segurança que mostram ela chegando de carro ao local, no Bairro Cerejeiras, e entrando com a caixa no lote.
Veja o vídeo:
Pelo vídeo, é possível notar ela chegando e retirando do carro a caixa em que estava o bebê . Em seguida, ela retorna ao veículo para pegar o que seria o álcool que utilizou para atear fogo.
No interrogatório, a mulher informou que não sabia se o bebê estava ou não vivo antes de colocar fogo, pois não teve coragem de abrir a caixa para se despedir. Ele tinha apenas alguns dias de vida.
O delegado Fábio Vilela diz que depende do prontuário do hospital para certificar as datas corretas do nascimento e a alta do bebê, mas ele teria nascido na primeira semana deste mês e recebido alta por volta do dia 6 de maio.
As informações constam numa pulseira de hospital que estava amarrada à perna direita da criança e que não foi atingida pelo fogo. “A mãe conta que do mesmo jeito que pegou a criança no hospital, no dia da alta, ela a deixou. Não retirou nem a pulseira de identificação”, diz o delegado.
Até o dia do crime
Em casa, o recém-nascido só recebeu alimento no primeiro dia. A mulher tentou amamentá-lo, mas desistiu e o colocou em um quarto dos fundos, onde o bebê permaneceu por cerca de dois dias, sem receber nada de alimentação.
Desesperada com a criança no quarto dos fundos, a mulher relatou à polícia que a colocou numa caixa, levou para o carro e saiu andando pela cidade, pensando no que iria fazer.
No dia e hora do crime, alguns carros chegam a passar em frente ao local, enquanto a mulher retira a caixa com a criança do automóvel, mas ninguém parou para observar. A descoberta só foi possível graças a um cachorro de rua.
Cachorro descobriu bebê carbonizado
No início da manhã de quarta-feira, a vizinha que mora em frente ao lote percebeu que um cachorro arrastava pela rua algo semelhante ao corpo de uma criança. Ao observar direito, ela notou que se tratava do corpo de um bebê carbonizado.
A polícia foi chamada e, no local, constatou o crime. A única parte do corpo que não queimou foi a perna direita onde estava a pulseira de identificação do hospital. Com os dados, como nome incompleto da mãe, nome do hospital e data de nascimento, os peritos conseguiram individualizar o crime e identificar a responsável.
Em busca no endereço indicado na ficha do hospital, a polícia encontrou o carro que aparece nas imagens, o álcool que foi utilizado pela mãe e ela, que estava “bastante atônita”, segundo o delegado, vestindo roupas muito semelhantes às usadas no dia do crime. “Ela estava em choque. Quando entrou na viatura, começou a chorar”, relata Fábio Vilela.
Após ser interrogada, ela foi encaminhada para uma unidade prisional em Goiânia. O namorado esteve no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de DNA e comprovar a paternidade da criança.