GO: mãe de menina internada sem unhas é indiciada por tortura
Investigações apontam que a mãe agrediu a filha diversas vezes; em decorrência de uma pancada, a criança teve de retirar 40% do intestino
atualizado
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Goiânia – A mãe da menina de 3 anos levada a um hospital de Goiânia com características de maus-tratos foi indiciada pelo crime de tortura qualificada por lesão grave, na manhã dessa sexta-feira (21/5). A criança apresentava duas unhas arrancadas, vários ferimentos e teve que passar por uma cirurgia de emergência para retirada de cerca de 40% do intestinos, que estava lesionado.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Marcella Orçai, a lesão interna foi provocada por uma pancada na barriga da vítima. “A perícia afirmou que o trauma no órgão foi causada por uma contusão, ou seja, um chute ou soco, uma batida mais forte, que rompeu as veias da barriga da crianças. Há indícios de que foi essa própria mãe que também tirou essas unhas da menina”, informou a delegada ao G1.
Segundo Marcella, a mãe negou que torturava a criança e disse que apenas a corrigia quando ela se negava a comer. Porém, conforme a delegada, a versão apresentada pela mulher não condiz com os resultados dos exames.
“Nós vimos lesões de assinatura, que são lesões onde, apenas olhando, você consegue detectar o instrumento usado na agressão. Nesse caso, o resultado é que as lesões nessa criança foram causadas por vassoura ou pedaço de bambu, e não apenas uma simples correção, como ela contou”, relatou a investigadora.
A mãe, que é dona de casa e não teve o nome revelado, tem 25 anos e está grávida. De acordo com a investigação, o padrasto chegou a ser considerado um dos suspeitos das agressões, mas não tem relação com o crime.
Caso seja condenada, a progenitora pode pegar de 4 a 10 anos de prisão. Como não houve flagrante, ela não foi presa.
Hospitalização
A criança foi levada ao Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, no dia 10 de maio, pela mãe e pelo padrasto. Segundo versão contada por eles, a pequena havia caído de bicicleta. No entanto, os sinais de maus-tratos fizeram os médicos da unidade acionarem o Conselho Tutelar.
“No hospital, os médicos fizeram exames e identificaram sinais de vermelhidão no intestino. Em seguida, decidiram que deveriam fazer procedimento cirúrgico”, contou o conselheiro tutelar Carlin Júnior, em entrevista ao Metrópoles.
Como medida protetiva, a menina foi retirada da casa da mãe e está sob os cuidados da avó materna desde o dia 16, quando recebeu alta do hospital.
Aumento de casos
Durante a pandemia, os casos de maus-tratos contra crianças têm sido bastante frequentes, de acordo com o conselheiro Carlin Júnior. “Infelizmente, muitas denúncias não chegam até nós e, quando chegam, a situação das vítimas já está em situação como a dessa criança”, acentua.
O Conselho Tutelar pede que pessoas próximas das vítimas e a própria comunidade denunciem casos de violência. “A maioria das denúncias era recebida por meio das escolas, mas agora a situação está pior porque as crianças estão sem aula presencial. Em grande parte dos casos, o agressor está dentro de casa”, alerta Carlin Júnior.
O Metrópoles não localizou contato da mãe e do padrasto ou da defesa deles para se manifestarem. Os nomes não foram divulgados para preservar a menina, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Outro caso
A Polícia Civil também investiga o caso de uma bebê de 6 meses internada com mais de 30 hematomas no corpo, no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), na região noroeste de Goiânia. O pai da criança foi preso. O estado de saúde dela é estável. A criança, segundo o último boletim médico, voltou a respirar, espontaneamente, sem ajuda de aparelhos.
A bebê foi levada, pelos pais, para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Anápolis, a 55 quilômetros da capital, na noite de segunda-feira (10/5), depois de começar a perder sinais vitais no colo de seu pai, um profissional de almoxarifado, de 27 anos, na casa da família, na mesma cidade. Uma médica suspeitou de maus-tratos e denunciou o caso à Polícia Civil.