GO: após 2 anos, milhares de pessoas acompanham Procissão do Fogaréu
Evento religioso marca retomada das atividades em cidade histórico depois da pandemia da Covid-19; encenação é marcante na Semana Santa
atualizado
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Goiânia – Homens encapuzados com roupas coloridas carregando tochas marcharam pelas ruas da cidade histórica de Goiás (GO), antiga capital goiana, na madrugada desta quinta-feira (14/4).
A Procissão do Fogaréu voltou a ocupar as ruas de pedra após dois anos suspensa, por conta da pandemia da Covid-19. O evento religioso começou há 277 anos e acontecia de forma ininterrupta desde os anos 1960 até que houve a suspensão por conta do novo coronavírus.
Milhares de pessoas lotaram a cidade para acompanhar a procissão, que começa à meia-noite, faz parte das celebrações da Semana Semana e representa a prisão de Jesus Cristo. Os homens com chapéus cônicos são chamados de farricocos e representam os soldados romanos.
Políticos presentes
O prefeito de Goiás Anderson Gouvea lembrou que o Fogaréu foi o primeiro evento do calendário tradicional do estado a ser suspenso em 2020 e agora é o primeiro a ser retomado.
“A Procissão está abrindo o tempo para que a gente possa abraçar um ao outro e a cidade de Goiás se abre com toda sua beleza e exuberância”, afirmou.
O governador Ronaldo Caiado também esteve presente na celebração. Ele lembrou que fez uma solicitação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que a procissão se torne Patrimônio Imaterial do Brasil.
“Vocês não imaginam a minha alegria em estar aqui hoje, tem um sabor diferente. Estamos voltando à realidade, saindo de um pesadelo com esse momento de confraternização”, comentou o chefe do executivo estadual.
Emoção
No início da procissão, os farricocos saíram da porta da Igreja da Boa Morte e caminharam até a Igreja Nossa Senhora do Rosário, onde é encenada a última ceia. Uma multidão acompanhou o percurso, também carregando tochas.
Depois da encenação feita por atores, os farricocos marcharam até a Igreja de São Francisco de Paula, onde foi encenada a prisão de Jesus Cristo, representado por uma imagem pintada em um estandarte. Na parte mais alta da igreja foi rezada uma missa.
Os sons dos tambores aceleram conforme se aproxima a prisão de Cristo e a iluminação pública das ruas é desligada antes do espetáculo.
História
As origens da Procissão do Fogaréu são do século XVIII, quando a cidade de Goiás era capital da província e chamada de Vila Boa de Goiás.
O padre espanhol João Perestrello de Vasconcelos Spínola trouxe da Península Ibérica as tradições do período religioso. Ele fundou a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, que desde então passou a estar à frente das alegorias e representações na Semana Santa na cidade.
A procissão acabou sendo esquecida por um período e foi retomada nos anos 1960 com o apoio da artista plástica Goiandira de Couto, que fez uma releitura do fogaréu.