Globo divulga mensagens de ex-assessora de Flávio Bolsonaro: “Deu ruim”
Luiza Sousa Paes teria sido a base da denúncia do MP contra o senador por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
atualizado
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A edição do Fantástico, da TV Globo, deste domingo (8/11) divulgou mensagens de texto que teriam sido enviadas por Luiza Sousa Paes, ex-assessora que prestou depoimento e baseou a denúncia do Ministério Público contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo o programa, a denúncia do MP afirma que Luiza trocou mensagens com o pai assim que as primeiras investigações começaram a sair nos jornais sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando Flávio ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro. O caso veio à tona em dezembro de 2018.
“Caraca! Tu viu alguma parte do Jornal Hoje? Bateu direto naquele negócio do Queiroz. Direto isso, a foto dele estampada no Jornal Hoje. Agora deu ruim”, teria dito Luiza ao pai.
Ainda segundo o documento divulgado pela Globo, Luiza questiona seu pai o que fazer com os recibos de depósitos feitos a Queiroz, assim que soube que ela também era alvo das investigações. A edição mostrou ainda conversas entre ela e o advogado de Queiroz e de Flávio à época, Luis Gustavo Botto Maia.
Luiza foi chamada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para preencher a folha de ponto, em janeiro de 2019. Ela alega nunca ter assinado o documento. “Oi, pai. Parece que faltou algum ponto que não está assinado. Só que eu não lembro de ter assinado algum ponto, entendeu?”, diz uma outra mensagem.
Além de Luiza, outras 90 pessoas ligadas ao senador tiveram seus sigilos bancários quebrados pela Justiça em 2019. Em maio do ano passado, ela enviou a seguinte mensagem ao pai: “Já viu as notícias? Quebraram o sigilo de um monte de gente. Provavelmente o meu também”. O pai respondeu: “Já vi e estragou o meu dia isso”.
Entenda o caso
A denúncia contra Flávio se dá no âmbito do Caso Queiroz, como ficou conhecido o processo das “rachadinhas” supostamente praticadas pelo filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
Na denúncia apresentada à Justiça, o MP amarra uma série de informações que já tinham sido oferecidas ao longo da investigação. Tudo gira em torno de Flávio ter supostamente se apropriado do dinheiro público da remuneração de seus assessores e, depois, praticado a lavagem desses recursos por meio da organização criminosa.
O MP apura, desde 2018, o suposto esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio. Assessores repassariam seus salários ao chefe por meio de Queiroz, o operador. Ao longo das apurações, a Promotoria revelou ainda uma série de indícios de que o senador e ex-deputado teria “lavado” dinheiro por meio de imóveis e de uma franquia da rede Kopenhagen.