Gleisi e Haddad divergem sobre déficit fiscal durante evento do PT
A deputada federal Gleisi Hoffmann defende flexibilização do déficit, e Haddad diz que aumentar os gastos públicos não garante crescimento
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), alega que não há relação direta entre o aumento do déficit fiscal e o crescimento da economia. A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, no entanto, criticou a meta zero e defendeu flexibilização. A divergência entre os políticos ficou marcada em evento da sigla em Brasília.
“Não é verdade que déficit faz crescer. De 10 anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit, e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia. Dependendo da situação econômica, você tem de ampliar os investimentos”, defendeu o ministro da Fazenda.
Antes da fala de Haddad, Gleisi destacou medidas tomadas em governos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o aumento do investimento estrangeiro no Brasil. “Não tem nada a ver com o fiscal”, argumentou. “Esse ano faremos déficit de quase 2% do PIB”, disse.
A presidente do PT alega que a política monetária não está nas mãos de aliados, mas a fiscal, sim, ao se referir ao presidente do Banco do Central (BC), Roberto Campos Neto.
“A gente não tem a política monetária que está com o Banco Central, que foi nomeado por Bolsonaro e Paulo Guedes. O presidente que está lá é um neoliberal e que atenta contra o Brasil e contra os interesses do Brasil”, enfatizou a deputada federal.
Haddad explicou que o Brasil deve sair de um déficit de quase 2% para zero. “Por que vamos nos impor um autolimite quando não precisamos disso? Vamos sair de um déficit de quase 2% para um déficit zero, temos de colocar isso”, destacou Haddad.
O ministro da Fazenda reiterou que o governo federal vai trabalhar para reduzir a taxa básica de juros, apesar de não ter apoio do Banco Central. “Eu acho que a gente consegue apertar os parafusos de um jeito que o juro cai, economia cresce, resolve algum nó tributário, de quem não paga funcionário, traz para dentro do sistema”, ressaltou.
“Mas não tem bala de prata, não existe. É um conjunto de medidas que tem de ser tomada para organizar uma saída para fazer a economia crescer com consistência”, completou Haddad.
O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, minimizou a divergência de ideias entre Gleisi e Haddad sobre a pauta econômica do governo Lula.
“Todo ambiente onde existe inteligência, liberdade de pensamento, a divergência ocorre com naturalidade. O PT é um espaço plural”, frisou Pimenta.