Gleisi comemora fim da mensagem de aniversário do golpe militar
Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mensagem alusiva à data do golpe militar de 1964 era “esdrúxula” e seu fim “faz bem à democracia”
atualizado
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A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, comemorou, nesta quarta-feira (1º/3), a notícia de que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao 31 de março de 1964, data do golpe militar. A informação foi antecipada pela colunista Carla Araújo.
Para Gleisi, a decisão se trata de uma “ótima notícia”, que “faz um bem à democracia”. Em 2023, a tomada do poder por militares vai completar 59 anos.
Ótima notícia de que o Exército vai acabar com a exdrúxula mensagem do golpe militar no dia 31 de março. Isso nunca foi normal e o seu fim faz um bem à democracia. A verdade e a memória dessa época devem ser lembradas com repúdio para que nunca mais aconteça.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 1, 2023
A decisão sobre o fim da mensagem de aniversário teria sido tomada pelo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, segundo nomeado para o posto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tomás Paiva substituiu o general Júlio César de Arruda, que estava no comando quando terroristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro deste ano.
Em contraponto, Tomás Paiva tem adotado, ao menos publicamente, tom mais pacificador em relação ao governo petista. Internamente, no entanto, Tomás Paiva disse a subordinados que a eleição de Lula foi “indesejada” pela maioria dos militares, mas, “infelizmente”, ocorreu e precisa ser respeitada.
Oficialmente, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que, desde 2007, não há Ordem do Dia alusiva ao 31 de março no âmbito daquela Força. “Nesse sentido, em 2023, também não haverá Ordem do Dia sobre o assunto”, diz o Exército.
Nos últimos quatro anos, o Ministério da Defesa publicou mensagens referentes à data (veja histórico abaixo). Procurada, a pasta ainda não se pronunciou. O espaço permanece aberto.
Histórico recente
Depois da retirada da data do calendário oficial das Forças Armadas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), presa e torturada pela ditadura militar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ressuscitou as celebrações alusivas a 1964. Em 2019, o mandatário chegou a pedir que a data voltasse a ser comemorada nos quartéis.
Em 2020, ainda sob comando do general Fernando Azevedo e Silva, o Ministério da Defesa publicou uma nota dizendo que o regime militar foi um “marco para a democracia”, mesmo tendo instalado uma ditadura de 21 anos.
No ano seguinte, em 2021, o ministro Walter Souza Braga Netto assinou uma Ordem do Dia elogiosa ao “movimento de 31 de março de 1964”, na qual afirmava que, na ocasião, as Forças Armadas assumiram a responsabilidade de pacificar e reorganizar o país para garantir as liberdades democráticas atuais.
Por fim, em 2022, Braga Netto afirmou que o ocorrido em 1964 foi uma reação da sociedade, em resposta à exigência de diversos setores da sociedade que se aliaram aos militares para impedir a implementação de um “regime totalitário” no Brasil.