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Gilmar Mendes: “STF não é composto por covardes nem por medrosos”

A fala do decano do STF reage à PEC aprovada pelo Senado que limita os poderes da Corte

atualizado

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Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal - Metrópoles
1 de 1 Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal - Metrópoles - Foto: null

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes reagiu, nesta quinta-feira (23/11), à aprovação, pelo Senado, da proposta de emenda à constituiçao (PEC) que limite os poderes da Corte. “Esta Casa não é composta por covardes. Esta Casa não é composta por medrosos”, disse.

“Cumpre dizê-lo com a serenidade, mas com firmeza, e com o desassombro que este tipo de investida exige de todos nós, membros desta Casa multicentenária. Este Supremo Tribunal Federal não admite intimidações”, completou o decano.

Mendes classificou a medida como um “cadáver outrora enterrado, eis que seu teor é mera reprodução de proposta de emenda à Constituição que já havia sido rejeitada pelo parlamento em 2020”. Ele se referia à PEC º 82/2019.

O ministro disse que a PEC “não possui, em absoluto, qualquer justificativa plausível”. O magistrado afirmou ainda que “uma estranha prioridades” tem sido dada ao Supremo Tribunal Federal e suas liminares, enquanto outros problemas que afligem o país não recebem atenção dos legisladores.

Segundo Mendes, caso a medida já estivesse tivesse em vigor “o Tribunal teria sido impedido de interromper políticas públicas altamente lesivas para a sociedade. É o caso da política armamentista do governo anterior, da abertura indiscriminada do comércio durante o auge da pandemia e de estímulo a tratamento ineficaz em combate ao vírus, cujo emblema é a famosa cloroquina”.

Mendes, no discurso, afirmou não ter dúvidas de que o Supremo está preparado para enfrentar, “uma vez mais, e caso necessário, as investidas desmedidas e inconstitucionais agora eventualmente provenientes do poder legislativo”. O decano ainda pontuou que a separação dos poderes é clausula pétrea da Constituição Federal, e que portanto não poderia ser alvo de emenda constitucional que “busque aviltá-la”.

Aos ministros, Mendes garantiu que a Corte não “transigirá nem renunciará ao desempenho isento e impessoalidade da jurisdição, fazendo sempre prevalecer os valores fundantes da ordem democrática e prestando incondicional reverência ao primado da Constituição, ao império das leis e à superioridade ético-jurídica das ideias que informam e animam o espírito da República”.

O decano ainda tratou de possíveis pedidos de impeachment que poderiam entrar na pauta do Legislativo, ao comentar que os processos de responsabilidade dos ministros estarão sob o crivo de judicial “garantidor do devido processo legal”. “Não se brinca de impeachment. Isso é uma medida séria e é preciso ser tratada por gente séria”, rechaçou.

O presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso, também fez críticas à aprovação da medida. O ministro afirmou que não vê razões para alterar regras do funcionamento da Suprema Corte e classificou a medida como um retrocesso.

“Num país que tem demandas importantes e urgentes, que vão do avanço do crime organizado à mudança climática que impactam a vida de milhões de pessoas, nada sugere que os problemas prioritários do Brasil estejam no Supremo Tribunal Federal“, disse.

A PEC que limita os poderes do STF contou com 52 votos favoráveis e 18 contrários em ambos os turnos no Senado Federal. A PEC abarca pedidos de vista, declarações de inconstitucionalidade de atos do Congresso Nacional e concessão de liminares. As decisões monocráticas, também abordadas no texto, são aquelas proferidas por apenas um ministro da Suprema Corte.

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