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Meninos da geração Z enxergam feminismo como ameaça? Entenda

Pesquisas apontam que, apesar de serem mais progressistas, meninos da geração Z ainda têm dificuldade em abraçar o feminismo

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Foto colorida de mulher e homem jovens escalando gráfico de barras vermelho crescente. O homem está na frente e olha para a mulher, que está atrás - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de mulher e homem jovens escalando gráfico de barras vermelho crescente. O homem está na frente e olha para a mulher, que está atrás - Metrópoles - Foto: Getty Images

“Muitos homens da geração Z veem o feminismo como ameaça. A gente vive uma cultura que ainda propaga estereótipos e falta de diálogo sobre igualdade, e é perceptível essa resistência”, opina a estudante Maria Eduarda Rosa, de 21 anos, sobre a relação de gênero entre homens e mulheres nascidos entre 1997 e 2012. Para a jovem, apesar de perceptível uma “maior consciência” sobre o machismo por parte dos garotos, ainda há uma grande resistência ao movimento feminista.

Para Maria Eduarda, que cursa odontologia, os homens da geração Z podem sentir que discutir igualdade de gênero coloca a masculinidade e habituais posições de destaque em risco. “Uma vez, na faculdade, um colega desmereceu meu trabalho. Fui elogiada pelo professor, que é homem, e, logo em seguida, esse colega de turma disse que eu só fui elogiada por ser uma mulher, dando a entender que eu não seria capaz de fazer um trabalho bom, a ponto de ser avaliada igual a um homem”, relata ela.

A percepção da jovem segue o que já foi comprovado por pesquisas. Segundo estudos feitos pela Ipsos, em 2023, e pela organização Hate and Hope, em 2020, apesar de as novas gerações serem mais progressistas em relação a alguns temas, como imigração, multiculturalismo, justiça racial e direitos LGBTQIA+,  quando chega a vez da igualdade de gênero, muitas vezes, a percepção muda.

Nas pesquisas é afirmado que para 52% da geração Z a sociedade foi tão longe na promoção da igualdade das mulheres que passou a discriminar homens. A maioria dos homens da geração anterior, a Y, que compreende indivíduos que nasceram entre 1982 e 1994, também pensa assim.

Essa proporção de indivíduos que pensam dessa forma sobre igualdade de gênero chega a ser maior do que como percebiam o tema os baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964, e os da geração X, que compreende quem nasceu entre 1965 e 1981.

Apesar disso, o mesmo levantamento pontua que, nos 32 países pesquisados, 68% da geração Z afirmam ter tomado pelo menos uma ação para promover a igualdade de gênero no passado, em comparação com 41% dos baby boomers.

A doutora em ciências da informação especialista em geração Z , Thaís Giuliani, explica que a Z, comparada às gerações anteriores, é, em sua maioria, menos machista e preza pelo direito a diversidade e inclusão.

“Comparando, dentro da geração Z, uma visão feminina e masculina, as mulheres têm um posicionamento diferenciado em relação aos homens. Por mais que seja uma geração menos preconceituosa, ainda existe um machismo presente. Criação, cultura e vivências socioeconômicas também são fatores que influenciam a formação de uma pessoa”, afirma Thaís.

A especialista pontua que as meninas e mulheres dessa nova geração buscam mais independência, seja financeira ou emocional. “As jovens têm, naturalmente, um olhar mais preocupado com a questão do preconceito, porque vivem na pele essa realidade. Sabendo dos desafios que as mulheres ainda enfrentam na carreira profissional, naturalmente elas têm mais preocupações com o futuro.”

Thaís Giuliani faz referência às disparidades salariais e de cargos de destaque em empresas: só 5% dos CEOs no Brasil são mulheres, segundo pesquisa da consultoria Vila Nova Partners. Além disso, mulheres recebem 20,7% a menos que homens, no Brasil, pelo mesmo serviço, de acordo com levantamento feito pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE).

Redes sociais e geração Z

A estudante Maria Eduarda conta, ainda, que já viveu situações de machismo nas redes sociais e que, quando isso acontece, tenta se posicionar, mas “nem sempre é fácil”. “Eu percebo [o machismo] principalmente nos comentários de publicações. Acho que as redes sociais abriram portas para a destilação de ódio, ja que você se esconde por trás de uma tela ou até mesmo de perfis falsos. Creio que o anonimato encoraja os usuários a agir de forma agressiva sem medo das consequências”, opina.

Sobre a influência das redes sociais no comportamento geracional, Thaís Giuliani afirma que há uma relação direta. “Existe uma cobrança maior, principalmente em relação às mulheres, por um padrão estético. Com certeza, as redes sociais afetam muito essa dinâmica, em especial aqueles que são mais jovens – entre 17 e 19 anos”, finaliza a especialista.

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