“Geada negra”: onda de frio ameaça lavouras e põe safras em risco
Ar frio, ventos (mesmo moderados) e umidade baixa provocam congelamento das plantas de dentro para fora e podem causar danos irreversíveis
atualizado
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Meteorologistas estão preocupados com os efeitos que a recente onda de frio pode causar na agricultura no Sul do país.
É que a combinação de ar frio, ventos (mesmo moderados) e umidade baixa provoca o congelamento das plantas de dentro para fora e pode causar danos irreversíveis. O fenômeno é conhecido como “geada negra”.
As safras de milho, feijão, hortaliças, café, cana-de-açúcar e frutas são as mais sensíveis ao clima frio e podem ser duramente afetadas.
Três órgãos de monitoramento do clima acompanham a situação e estão preocupados com o cenário.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simpar) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) estão observando o comportamento climático. A previsão é de que a onda de frio persista nos próximos dias.
Segundo o sistema de previsão de geadas do Inmet, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro correm o risco de enfrentar geadas.
A situação mais grave é a paranaense, em que a previsão indica geada forte (alerta vermelho). Contudo, grandes áreas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo também podem ter geadas intensas (alerta amarelo).
Cafezais devastados
Registros históricos mostram que, em 1975, uma “geada negra” devastou os cafezais paranaenses e impactou duramente a safra.
Com a chegada da onda de frio desta semana, o Inmet reforçou o aviso de atenção para as culturas que poderão ser prejudicadas.
“A geada é um fenômeno causado pela ocorrência de baixas temperaturas, e seu efeito nas plantas varia de acordo com a espécie, a sua tolerância ao frio e a fase fenológica que ela se encontra. Sua ocorrência resulta, muitas vezes, em severos prejuízos econômicos, principalmente se ocorrem precoce ou tardiamente”, frisa o órgão, em nota.
Atenção no Paraná
No Paraná, o Simepar e a previsão do Alerta Geada, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, também apontam para possibilidade do fenômeno.
“Há possibilidade de formação de geada em vários pontos do estado. Ressalta-se que o vento se mantém mais persistente e, associado ao ar mais gelado, pode provocar a ocorrência de ‘geada negra’ entre o sudoeste e o centro-sul paranaense, fenômeno que é mais prejudicial para a agricultura”, aponta o Simepar, em comunicado.
Risco para safras
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que emite boletins semanais sobre os riscos para as lavouras, avalia que temperaturas menores que 2°C na fase de florescimento podem comprometer a cultura do milho, enquanto 3,5°C nesta mesma fase impacta severamente a cultura do feijão.
Na cultura do café, por ser pouco tolerante ao frio, a ocorrência de temperaturas abaixo de 0°C no abrigo pode provocar danos parciais ou totais à planta.
Para a cultura da banana, temperaturas inferiores a 4°C podem ocasionar danos nas folhas e prejudicar os frutos em formação.