GDias é questionado sobre ditadura militar, mas não opina: “Polêmico”
Na CPI do MST, deputado Ricardo Salles elogiou o golpe de 1964 e perguntou a opinião do ex-ministro de Lula sobre a ditadura militar
atualizado
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O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República general Marco Edson Gonçalves Dias se recusou a responder uma pergunta sobre a ditadura militar durante oitiva à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nesta terça-feira (1º/8).
Conhecido como GDias, o ex-ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convocado para prestar esclarecimentos sobre ações do GSI contra a invasão de terras produtivas comandadas pelo MST.
Durante a oitiva, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), relator do colegiado, pediu que GDias falasse sobre sua trajetória como militar do Exército. Depois, pediu a opinião do ex-ministro sobre o golpe militar de 1964.
“O senhor destacou, entre outros aspectos, o fato do senhor ter ingressado na Academia [Militar das Agulhas Negras] em 1969, apenas cinco anos depois do advento de março de 1964. O senhor ainda um estudante da academia militar. Sabemos todos, alguns com uma opinião, uns com outra, o que se passou naquela ocasião. O senhor entende que o episódio de 1964 foi positivo ou negativo para a história do Brasil?”, questionou Salles.
Ao deputado, GDias afirmou que não responderia à questão. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o militar tem direito de permanecer em silência durante a oitiva.
“Não parei pra racioninar em cima disso. O que me impulsionou na minha carreira foi a minha vocação de querer ser soldado e uma necessidade da minha família. Entrar nessa situação, se foi bom ou ruim o movimento de 64, é polêmico. Não gostaria de entrar nessa seara. Obrigada, deputado”, afirmou.
Veja:
Confusão
Após o questionamento feito por Salles, o plenário foi tomado por uma confusão. Parlamentares governistas acusaram o relator de ter comportamentos golpistas. Incentivado pelo presidente da comissão, o deputado Zucco (Republicanos-RS), Salles retomou a pergunta.
“A força, o Exército Brasileiro, sempre se orgulhou da importante medida de 31 de março de 1964. Se não fosse março de 64, chegaríamos mais rapidamente onde alguns querem chegar neste momento. Para mim soa muito estranho o senhor não dizer que 64 foi uma boa medida. Gostaria muito que o senhor se posicionasse sobre isso. Isso diz respeito à instituição que o senhor serviu por 40 anos”, disse Salles.
GDias voltou a se recusar a responder à pergunta. O militar disse que o tema não é objeto de investigação da CPI.
“Deputado, isso não é objeto da investigação dessa comissão. A minha Força, o Exército brasileiro, pauta sua conduta em cima da hierarquia, em cima da disciplina e da cadeia de comando, amalgamada pelos valores éticos e morais, pensando em um país maior, que tenha equidade e espaço para todos”, ressaltou GDias.