Gaúchos enfrentam catástrofe humanitária enquanto chuva não dá trégua
Em meio a chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul, entenda os danos e as estratégias articuladas de ajuda humanitária para auxiliar o estado
atualizado
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Após uma semana marcada por temporais que vitimizaram milhares de pessoas e levaram à morte ao menos 39 habitantes do Rio Grande do Sul, o estado segue enfrentando o que o governador Eduardo Leite (PSDB) considerou como “o pior desastre já registrado”.
Hoje o Sul lida com uma catástrofe humanitária gigantesca, que destruiu moradias, rodovias e hospitais. Em meio a todas as calamidades, o final de semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, tem fortes riscos de temporais até as 12h de sábado. Já no domingo as chuvas devem ficar um pouco mais amenas.
Catástrofe humanitária
Segundo os dados atualizados às 18h de sexta-feira (3/5) pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 265 municípios foram afetados pelas tempestades, 24.080 pessoas estão desalojadas, 8.168 estão em abrigos, há 74 feridos e 68 desaparecidos.
Durante coletiva de imprensa realizada na sexta, o governador do estado explicou que “esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas”.
A catástrofe humanitária pela qual o estado está passando é potencializada pelo transbordamento de rios e represas na região, como o Guaíba em Porto Alegre, que deve passar dos 5 metros, superando a cheia histórica de 1941, sendo que o limite de transbordamento é 3 metros.
A barragem 14 de Julho, em Cotiporã, foi uma das que colapsou. Ainda existem 13 delas em monitoramento e classificadas como alerta para o risco de rompimento. Os alertas de colapso levam a Defesa Civil a evacuar as regiões do entorno, gerando mais pessoas desabrigadas.
Em coletiva de imprensa na sexta-feira (3/5), o vice-governador do RS, Gabriel Souza, afirmou que as equipes de resgate têm trabalho de forma intensiva e que agora é o momento de realizar ajuda humanitária para os atingidos. “Não temos mais registros de pessoas aguardando socorro nos telhados da região do Vale do Rio Pardo graças ao trabalho intensivo das equipes de segurança do estado nas últimas horas. Agora, iniciamos uma segunda fase do trabalho, que é garantir a ajuda humanitária aos municípios isolados, seja em decorrência dos alagamentos ou dos bloqueios nas estradas”, informou o vice-governador.
Socorro imediato
Diversas instituições públicas e civis estão se mobilizando para realizar o socorro imediato das vítimas, como a escola municipal de educação infantil Circe Terezinha da Rocha, que montou o “Circesolidária” em Santa Maria. A escola vem angariando fundos que são revertidos em refeições feitas na própria instituição e distribuídas aos desabrigados.
Para auxiliar as vítimas das enchentes, as Forças Armadas montaram um hospital de campanha em Lajeado, um dos municípios mais atingidos, que enfrenta falta de energia e está com todos os hospitais fechados. A unidade hospitalar conta com enfermaria, 40 leitos, dois consultórios para atendimento e um para triagem.
As Forças Armadas também enviaram cerca de 600 militares para dar apoio às vítimas das enchentes em 19 municípios do estado.
Além das Forças Armadas, diversos estados brasileiros têm se mobilizado. O governo de São Paulo enviará ao Rio Grande do Sul, neste sábado (4/5), dois novos helicópteros Águia para reforçar a ajuda das forças de segurança paulistas no socorro às vítimas dos temporais que atingem o estado.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enviou 14 bombeiros militares, dois agentes da Defesa Civil e dois cachorros para ajuda no resgate às vítimas das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul.
O governo federal também instalou uma sala de situação para acompanhar e definir ações emergenciais devido à tragédia das chuvas intensas que afeta o Rio Grande do Sul.
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, autorizou o envio de 100 agentes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para o Rio Grande do Sul, assim como 25 caminhonetes, dois ônibus, um caminhão e três botes de resgate.
A Defesa Civil do Estado está solicitando a doação de itens como colchões, cobertores e roupas de cama e banho para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Os materiais, que devem estar higienizados, podem ser entregues no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual, localizado na Avenida Joaquim Porto Villanova, 101, no bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre. O telefone para contato é (51) 3210-4255.
A Defensoria Pública da União (DPU) também iniciou uma campanha de arrecadação para auxiliar as vítimas das chuvas. As unidades da DPU em Bagé, Pelotas, Santa Maria, Rio Grande, Uruguaiana e Porto Alegre estão recebendo doações de itens essenciais, como alimentos, água mineral, cobertores, colchões, roupas, itens de higiene e limpeza.