Nessa sexta-feira (27/9), o quadro foi além. As eleições de 2024 não só atingiram o recorde de 11.440 pesquisas contratadas, até então, como o valor pago por elas ultrapassou os R$ 120 milhões, chegando a R$ 124,3 milhões. Essa é a maior cifra registrada em eleições municipais, desde 2012, quando o Tribunal passou a coletar e informar dados relativos aos levantamentos.
Entre todas as eleições, desde então, unindo municipais e federais, esse valor só perde para o pleito de 2022, quando o montante final pago pelas pesquisas de governos estaduais e de presidente ficou em pouco mais de R$ 142,8 milhões.
Entre os maiores contratantes de pesquisas no Brasil, até então, estão veículos de comunicação, institutos de pesquisa, empresas de publicidade, de engenharia, entidades e alguns partidos políticos.
O topo da lista é ocupado pela TV Globo e outros veículos, como a Folha de S. Paulo, que costumam contratar a maior quantidade de levantamentos. Entre as siglas partidárias, o Partido Liberal (PL) já contratou 26 pesquisas eleitorais, este ano. O valor investido foi de pouco mais de R$ 1 milhão.
Em seguida, aparecem o Partido Social Democrático (PSD), que contratou 73 pesquisas pelo custo de R$ 389 mil e o diretório de Minas Gerais do Partido da Mobilização Nacional (PMN), que registrou oito levantamentos pelo custo de R$ 207,9 mil.
Veja os estados com mais pesquisas registradas no Brasil:
Quantidade recorde de pesquisas
A eleição de 2024 não é a que tem mais candidatos, pelo contrário. O total de 463.367 registros de candidatura é o menor desde 2008. Apesar disso, o quadro de disputa acirrada em muitas das cidades brasileiras, fora o status estratégico e marqueteiro dado às pesquisas, contribui para a proliferação de levantamentos no país.
A presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), Mara Telles, avalia que, ao contrário do que muitos esperavam, o cenário de polarização entre duas forças políticas, a exemplo da eleição presidencial de 2022, não ocorre na maioria das disputas locais. O contexto de incerteza e de vários candidatos com chance de se eleger contribui, na visão dela, para o aumento de pesquisas.
“Quanto mais incerteza, mais você precisa monitorar a cidade com precisão para entender a opinião pública. As pessoas apostaram em um cenário com menos pesquisas, porque os eleitores estariam menos voláteis, mas não é o que ocorre agora. Está todo mundo olhando para São Paulo, por exemplo, e está irradiando para outras capitais esse cenário de extrema incerteza. A lógica presidencial não é a mesma lógica municipal”, diz ela.
Fora isso, existe também o uso estratégico de supostas pesquisas para sugerir liderança e influenciar disputas em cidades de pequeno e médio porte. Entre os municípios com mais levantamentos registrados, até então, existem locais menores que chegam a ter mais pesquisas do que capitais e outras cidades maiores do país.
Veja: