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Garimpo e briga por terra: conheça a cidade mais violenta da Amazônia

Cumaru do Norte (PA) nasceu do garimpo, mas atividade econômica também está por trás de alta taxa de mortes violentas

atualizado

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Cumaru do Norte
1 de 1 Cumaru do Norte - Foto: Reprodução

A cidade mais violenta da Amazônia tem conflitos entre garimpeiros e indígenas, além de desmatamento ilegal. Contraditoriamente, nenhuma facção criminosa foi identificada pelas forças de segurança.

O lugar em questão é Cumaru do Norte, com 14 mil habitantes, no sudeste do Pará. O município tem a maior taxa de mortes violentas da Amazônia Legal, quando se considera os últimos três anos (2021-2023).

Na última semana, a jovem Kamila de Jesus foi mais uma vítima. Ela foi assassinada dentro de um garimpo, que fica dentro da Terra Indígena Kayapó. Esse mesmo garimpo já foi alvo de diversas operações da Polícia Federal (PF).

O ranking das cidades mais violentas faz parte do estudo “Cartografia das Violências na Amazônia”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC), divulgado nesta quarta-feira (11/12).

Garimpo e briga por terra

Cumaru se tornou município no começo dos anos 1990, mas a região já tinha começado a ser povoada na década anterior, principalmente devido ao garimpo ilegal de ouro.

“Além de atividade econômica, o garimpo que acontece em Cumaru e seu entorno é um problema social, uma das causas da violência na região”, avalia trecho do estudo.

O estudo identificou 260 cidades com a presença de facções criminosas na Amazônia, mas Cumaru não está entre elas.

Para os pesquisadores, a falta de evidências sobre a existência de facções no município reforça que o garimpo e os conflitos fundiários são os principais responsáveis pela violência.

A situação na cidade é tão grave que o Conselho de Segurança Nacional chegou a criar o Projeto Cumaru, com o objetivo de acabar com o contrabando de ouro, dar assistência aos garimpeiros e evitar conflitos com os indígenas.

O município também se destaca pela extração ilegal de madeira. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) classifica a situação na cidade como nível 4, em uma escala que vai de 1 a 5.

Veja as 10 cidades com maiores taxas trienais (2021-2023) de mortes violentas intencionais na Amazônia Legal:

Cumaru do Norte (PA) – 141,3
Abel Figueiredo (PA) – 115,5
Mocajuba (PA) – 110,4
Novo Progresso (PA) – 102,7
Nova Santa Helena (MT) – 102,3
Iranduba (AM) – 102,3
Calçoene (AP) – 100,8
São José do Rio Claro (MT) – 100,1
Nova Maringá (MT) – 96,5
Floresta do Araguaia (PA) – 93,2

Aumento de facções

O estudo “Cartografia das Violências na Amazônia” revelou que houve aumento de 46% no número de cidades da Amazônia com a presença de facções criminosas, em comparação com a mesma pesquisa do ano anterior. A pesquisa também destacou a relação crescente entre narcotraficantes e crimes ambientais, como desmatamento e garimpo ilegal.

“Tráfico de drogas, crimes ambientais, grilagem de terra e outros tipos de ilegalidades são faces de uma mesma Hidra de Lerna [monstro mitológico] que não serão vencidas isoladamente”, afirma outro trecho do relatório.

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Kamila de Jesus foi morta na cidade mais violenta da Amazônia

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Acervo do IMC (Junho/2024
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Página na internet divulga músicas de apologia a facção do Amazonas

A facção carioca Comando Vermelho está presente em 130 municípios da Amazônia, enquanto a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) atua em 28 cidades. Além disso, grupos autônomos, como a Tropa do Castelar, uma dissidência do Comando Vermelho em Mato Grosso, e os Piratas do Solimões, especializados em roubo de cargas de embarcações, ampliam o cenário de criminalidade na região.

A Amazônia Legal é composta pelos estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão.

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