Dois homens armados teriam indo à Base de Proteção Etnoambiental (Bape) da Funai, no rio Jandiatuba, e perguntaram quantos funcionários trabalhavam no local. A intenção deles, segundo nota da Unijava, era assediar os servidores.
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal
Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados
Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno
Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km
Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade
Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”
Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa
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“Uma das principais atribuições dos servidores da Funai na Base Jandiatuba é a proteção da terra indígena para assegurar a integridade física e territorial dos grupos indígenas isolados que vivem nos rios Jandiatuba e Jutaí”, explica a associação. A Unijava também denunciou que autoridades brasileiras ainda não se conscientizaram sobre as seguidas invasões no Vale do Javari, mesmo após a morte de Dom Phillips e Bruno Pereira.
Em rede social, a Unijava divulgou ainda registros da presença de garimpeiros no rio Jandiatuba.
VALE DO JAVARI SEGUE SOB ATAQUE Em nota, a @UnivajaOficial denuncia que servidores da Funai na base do rio Jandiatuba estão sendo ameaçados pelo garimpo, que cada vez mais se aproxima de regiões com indígenas em isolamento voluntário. pic.twitter.com/6PI74gM79h
Entre 24 de fevereiro e 18 de março deste ano, foram identificadas 19 balsas de garimpo em atividade no local, com “movimentação logística saindo do município de São Paulo de Olivença (AM), e pontos de retirada de madeira para a construção das balsas próximos da localidade dos indígenas isolados”.
As pessoas que operavam essas balsas portavam armas de fogo calibre 16 e 12, segundo o relatório da Unijava.