Gari baleado e morto no Rio sonhava em se mudar para fugir da violência
Morador da Vila Cruzeiro foi atingido nas costas ao sair para o trabalho. Parentes acusam policiais militares pelos disparos
atualizado
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A Polícia Civil do Rio investiga a morte do gari Marcelo de Almeida da Silva, de 38 anos, atingido por um tiro nas costas quando saía de casa neste domingo (31/1) , na Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio. Marcelo trabalhava na Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb) desde 2010 e sonhava em mudar de endereço para fugir da rotina de violência.
O gari chegou a ser socorrido por policiais militares para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, no mesmo bairro, mas não resistiu ao ferimento.
Parentes da vítima contam que pertences de Marcelo desapareceram, como dinheiro e cartão de crédito. Além disso, os policiais teriam informado às equipes do hospital que o gari estaria em crive convulsiva na rua, omitindo o ferimento causado pelo disparo de arma de fogo.
“O relato de convulsão é mentira. Meu irmão era trabalhador desde os 14 anos. Acertaram ele de longe, sem qualquer chance de defesa. Acharam que ele era bandido só porque estava de boné e mochila. Nossa família está indignada e revoltada”, lamenta o irmão de Marcelo, também gari, Arnaldo Almeida da Silva, de 43 anos.
Filho da vítima, Marcelo Almeida da Silva Júnior, de 20 anos, contou que houve uma troca de tiros quando o pai saiu de casa para o trabalho. Para a família, Marcelo foi atingido por um tiro disparado pela polícia. “Pra gente, o tiro veio da polícia. Não havia mais confronto quando ele foi baleado. Tanto que meu irmão esperou o tiroteio acabar para sair de casa”, disse Arnaldo.
Em nota, a PM sustenta que uma equipe da 7ª UPP/16º BPM (Vila Cruzeiro) foi atacada por disparos de arma de fogo quando se deslocava para a base Merendiba, o que teria gerado o confronto no qual o gari foi baleado. A polícia diz ainda que “denúncias sobre supostas irregularidades cometidas pelos policiais devem ser encaminhadas à Corregedoria da Polícia Militar”.