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Galpão da Cinemateca guardava equipamentos e cópias únicas de filmes

Embora ainda não seja possível avaliar o prejuízo, funcionários dizem que o local tinha acervo com documentos históricos do cinema nacional

atualizado

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Bombeiros SP
Galpão da Cinemateca guardava equipamentos e cópias únicas de filmes
1 de 1 Galpão da Cinemateca guardava equipamentos e cópias únicas de filmes - Foto: Bombeiros SP

São Paulo – O galpão da Cinemateca que pegou fogo na noite da última quinta-feira (29/7) tinha um grande acervo documental de filmes, publicidade e trailers, possivelmente únicos, além de equipamentos de cinema antigos, de acordo com funcionários e ex-colaboradores da Cinemateca Brasileira.

Em manifesto divulgado nesta sexta (30/7), os trabalhadores dizem que ainda não é possível saber o que foi perdido, mas que o material armazenado na Vila Leopoldina, “apesar de em menor número, possuía igual relevância e importância ao da Vila Clementino”, onde fica a sede da Cinemateca em São Paulo. A contabilidade do material perdido só será feita após perícia dos Bombeiros e da Polícia, e depois da análise de técnicos especializados.

Os bombeiros afirmaram que, “apesar do grande incêndio que atingiu o acervo da Cinemateca Brasileira, os agentes atuaram na contenção do incêndio, preservando grande parte do acervo e não tendo nenhuma vítima”. A corporação também disse que foram utilizados “equipamentos de alta tecnologia, como câmeras térmicas e equipamentos de proteção respiratória”, o que possibilitou a entrada e a localização exata dos focos para a otimização das nossas ações e preservação da maioria do acervo.

Os trabalhadores listam alguns dos materiais que podem ter sido atingidos pelo incêndio, a começar pelo acervo documental. De acordo com o manifesto, estavam armazenados no local grande parte dos arquivos de órgãos extintos do audiovisual – como, por exemplo, parte do Arquivo Empresa Brasileira de Filmes S.A. (Embrafilme), que esteve em funcionamento no período de 1969 a 1990, e parte do Arquivo do Instituto Nacional do Cinema (INC), de 1966 a 1975. Outros documentos que estavam no galpão são cópias da biblioteca do cineasta Glauber Rocha.

Os materiais haviam sido transferidos, há alguns meses, do térreo para os depósitos climatizados no primeiro andar – principal área atingida pelo incêndio –, após uma enchente ter atingido o prédio, em fevereiro de 2020.

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Bombeiros, na manhã desta sexta-feira (30/7), fazem rescaldo de incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira
Bombeiros, na manhã desta sexta-feira (30/7),  fazem rescaldo de incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira
Rolos de filmes do galpão da Cinemateca onde ocorreu o incêndio
Incêndio na Cinemateca de SP
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Bombeiros fazem rescaldo de incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira

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Bombeiros, na manhã desta sexta-feira (30/7), fazem rescaldo de incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira

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Bombeiros, na manhã desta sexta-feira (30/7), fazem rescaldo de incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira

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Rolos de filmes do galpão da Cinemateca onde ocorreu o incêndio

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Incêndio na Cinemateca de SP

Reprodução

Além disso, havia grande acervo audiovisual nesta unidade da Cinemateca, segundo os trabalhadores. Estavam lá parte do arquivo da distribuidora Pandora Filmes, e cópias de filmes brasileiros e estrangeiros em 35mm. Matrizes e cópias de cinejornais únicos, trailers, publicidade, e filmes documentais, de ficção, e domésticos, além de elementos complementares de matrizes de longas-metragens, todos esses potencialmente únicos.

Também podem ter sido atingidos pelo incêndio equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial, “objetos que eram fundamentais para consertos de equipamentos em uso corrente, pois, para exibir ou mesmo duplicar materiais em película ou vídeo, é necessário maquinário já obsoleto e sem reposição no mercado”, dizem os funcionários na carta.

O incêndio

Por volta das 18h da última quinta, os bombeiros foram acionados para conter o incêndio no galpão da Cinemateca na Rua Othão, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital. A corporação chegou a utilizar 17 viaturas para conter o fogo, que foi controlado por volta das 20h.

O incêndio teve início durante a manutenção do sistema de ar-condicionado, segundo a capitã do Corpo de Bombeiros Karina Paula Moreira. Tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil vão investigar o que pode ter desencadeado o acidente.

O prédio atingido não é a sede principal da Cinemateca, é um imóvel destinado a reservas específicas de guarda de acervos, áreas de processamento de acervos fílmicos e documentais, laboratório de impressão fotográfica digital, bem como demais instalações administrativas, de apoio e serviços.

Em nota, a Secretaria Especial da Cultura lamentou e disse que trabalha para sanar os impactos causados pelo incêndio. “Cabe registrar que todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês, como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição”, afirmou.

“A Secretaria já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e, só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros, que atua no local, poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico. Por fim, o governo federal, por meio da secretaria, reafirma o seu compromisso com o espaço e com a manutenção de sua história”, conclui a nota.

“Tragédia anunciada”

O Ministério Público Federal (MPF) alerta o governo federal sobre o risco de incêndio no galpão desde 2020. A gestão Jair Bolsonaro iniciou chamamento para atrair nova entidade para gerir a Cinemateca Brasileira, mas esse processo ainda não foi finalizado, aponta o MPF.

Em abril deste ano, trabalhadores da Cinemateca também fizeram um alerta. Eles divulgaram uma carta na qual denunciaram abandono e má-gestão, além do risco iminente de incêndio. “A possibilidade de autocombustão das películas em nitrato de celulose, e o consequente risco de incêndio frequentemente recebem mais atenção da mídia e do público. A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras”, diz.

“O risco de um novo incêndio é real”, segue a carta.

O manifesto ressalta ainda deficiência de técnico contratado. “O acervo segue desacompanhado e não há qualquer informação sobre suas condições. Por esse motivo, lançamos um alerta acerca dos riscos que correm o acervo, os equipamentos, as bases de dados e a edificação da instituição”, completa.

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