Gabriel Monteiro criou “setor” para perseguir vereadores e desafetos
Esquema foi detalhado pelo ex-assessor do vereador e coordenador do “setor de investigação e apuração” ao Conselho de Ética da Câmara
atualizado
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Rio de Janeiro – O vereador Gabriel Monteiro (PL) pedia que seus funcionários investigassem e perseguissem pessoas para tentar flagrá-las em situações que rendessem conteúdo para seus vídeos. Em algumas ocasiões, Laura Carneiro (PSD), então secretária de Assistência Social da Prefeitura do Rio, foi seguida por dias inteiros.
Segundo o ex-assessor do parlamentar Vinícius Hayden Witeze, que coordenava o setor de investigação criado por Monteiro, em seu depoimento ao Conselho de Ética, o intuito era verificar um possível “desvio de função” dos “alvos” apontados pelo parlamentar:
“Houve perseguição nesse dia, né? Ao qual eu persegui o carro da subsecretária [Laura Carneiro], para saber para onde ele ia, para verificar se havia um desvio de função. Houve também, logo após aquilo, que ele queria constranger a Laura. Então, ele pediu para que eu descobrisse a rotina dela”, contou.
Segundo Vinícius, a dinâmica das apurações se dava por uma análise de campo, além da produção de fotos e vídeos durante uma tocaia, que podia durar um dia inteiro. O plano, no entanto, não seguiu adiante, pois o setor tinha muitas demandas e o ex-assessor não dava mais conta.
“Não, não cheguei, não comecei a investigar isso não [vereadores], até porque eu tinha muita investigação em andamento e já não estava dando conta das demandas e pressão de tempo que ele [Monteiro] estava me dando”, afirmou.
De acordo com ele, Gabriel Monteiro também queria investigar nomes como o do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, que perdeu o cargo após denúncias de corrupção, em maio de 2020.
O ex-assessor ficou de mostrar provas para o Conselho de Ética na semana seguinte ao seu depoimento, mas morreu dois dias após, em um acidente de carro em Teresópolis, na Região Serrana.