G20: no Rio, Lula une países na Aliança Global Contra a Fome
Principal programa da presidência do Brasil no G20 conta com a adesão de mais de 80 países e aporte de US$ 25 bilhões do BID
atualizado
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Rio de Janeiro — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, na manhã desta segunda-feira (18/11), a cúpula do G20, o Grupo dos Vinte, ao receber os líderes mundiais que vieram para a reunião de cúpula, no Rio de Janeiro. Esse é o último ato do Brasil à frente da liderança rotativa do bloco, que passará a ser presidido pela África do Sul.
A primeira atividade, às 10h, tratou de inclusão social e da luta contra as desigualdades, com destaque para o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. O esforço tem dezenas de países e instituições signatárias e será continuado pelo grupo, mesmo após o fim da gestão do Brasil à frente da presidência.
Na abertura do evento, Lula deu boas-vindas aos chefes de Estado. “Aproveitem essa cidade, conhecida como Cidade Maravilhosa. Esta cidade é a síntese dos contratos que caracterizam o Brasil, a América Latina e o mundo. De um lado, a beleza da natureza. Um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor. De outro, injustiças sociais profundas. Retrato vivo de injustiças históricas e persistentes”, afirmou.
Lula também criticou as guerras e a fome no mundo. “O mundo está pior. Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial. Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta”, afirmou.
“Em um mundo que produz quase 100 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em que os gastos de guerra ultrapassam trilhões, é inaceitável. A fome, como dizia Josué de Castro, é expressão biológica dos males sociais, é fruto de decisões políticas. O G20 representa 85% do PIB mundial”, ressaltou.
Lula acrescentou que “compete, aos que estão aqui, a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Este será nosso maior legado, não se trata apenas de fazer justiça, é uma condição imprescindível para construir mais prosperidade e paz.”
“Com a aliança, vamos articular alianças internacionais, políticas públicas e fontes de financiamento. O Brasil sabe que é possível. Até 2026, novamente sairemos do mapa da fome e, com a aliança, faremos muito mais. Aqueles que sempre foram invisíveis estarão no centro da agenda internacional”, destacou.
Segundo Lula, a “aliança nasce no G20, mas o destino é global”. “Quero declarar oficialmente lançada a aliança global contra a fome e a pobreza”, concluiu.
Veja o discurso de abertura de Lula no G20:
Até esse domingo (17/11), 81 países aderiram ao programa, aumentando, em muito, o bloco de nações que haviam se juntado à iniciativa até a sexta-feira (15/11). Outros governos são bem-vindos à Aliança: o Brasil espera que o número final se aproxime de 100. Nações como a África do Sul, Alemanha e Paraguai já tinham abraçado o projeto.
O primeiro país do G20 a aderir à Aliança Global é a Alemanha, ao assumir compromissos de contribuir com a promoção da agricultura sustentável e com o reforço das redes de segurança social, como políticas de salário mínimo.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) se juntou ao grupo, ao anunciar que desejava “alinhar ações e desenvolver soluções inovadoras, assim como compartilhar práticas e experiências que contribuam para o combate à pobreza e à desigualdade”.
A Argentina é o único país membro do G20 anão aderir à Aliança. O presidente Javier Milei, que já trocou diversas farpas com Lula, preferiu ficar de fora da lista das 81 nações signatárias do programa.
Recursos financeiros
A Fundação Rockefeller foi a primeira entidade filantrópica a se juntar à iniciativa. E anunciou que contribuirá com recursos financeiros, assistência técnica, apoio à capacitação e conhecimento para apoiar países que implementarão programas de alimentação escolar.
Na sequência, veio a adesão das Instituições Financeiras Internacionais (IFI), conjunto de organizações de caráter multilateral, que incluem:
- Banco Africano de Desenvolvimento (AFDB);
- Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB);
- Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF);
- Banco Europeu de Investimento (EIB);
- Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);
- Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida);
- Fundo Monetário Internacional (FMI);
- Novo Banco de Desenvolvimento (NBD); e
- Grupo Banco Mundial (GBM).
Só o BID anunciou um aporte ao projeto de US$ 25 bilhões, cerca de R$ 146 bilhões, para projetos na América Latina e no Caribe. Ao todo, nove instituições financeiras aderiram à aliança.
Erradicar desigualdades
O objetivo da Aliança é fomentar políticas públicas para erradicar as desigualdades e replicar os planos em diversos países que necessitem disso. Em julho, o governo federal fez o pré-lançamento da Aliança e, desde então, as nações e entidades puderam aderir.
Na tarde desta segunda, os líderes de Estado seguem em conversas sobre temas sociais e tratam ainda da reforma da governança global, assunto caro de Lula.
O petista critica como os países ricos possuem privilégios em fóruns como a Organização das Nações Unidas (ONU), com assentos permanentes e poder de veto.
Lula defende que outras nações, principalmente da América Latina e África, sejam incluídos e tratados da mesma maneira nesses locais.
Já nesta terça-feira (19/11), as conversas serão mais focadas em transição energética e desenvolvimento sustentável. Como a agenda do G20 será mais curta, o chefe do Executivo deverá encaixar algumas reuniões bilaterais no fim do dia.
Com informações da EBC.